Recorde histórico de estupros no Brasil: 8 ocorrências por hora

O ano de 2022 marcou um recorde com 74.930 casos relatados – maior número registrado no país. 61,4% tem até 13 anos de idade.

  • O Brasil enfrenta um aumento chocante na taxa de estupros, atingindo uma média de oito casos por hora, conforme dados recentemente publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

    O ano de 2022 marcou um recorde sombrio com 74.930 casos relatados, a maior taxa desde 2009 quando houve uma alteração nas leis referentes a crimes sexuais.

    De acordo com os dados, oito em cada dez vítimas de violência sexual são menores de 18 anos, e em grande parte dos casos, os infratores são membros da família das vítimas. A taxa de estupro sofreu um aumento de 8,2% em relação a 2021, totalizando 36,9 casos para cada 100 mil habitantes.

    A diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, expressou profunda preocupação com esses números, enfatizando que este é o maior número de estupros já registrado na história do país. O relatório também apontou que 61,4% das vítimas são crianças e adolescentes com até 13 anos.

    O estado de São Paulo lidera o país em números absolutos, com 12,6 mil casos notificados no último ano. No entanto, o maior aumento percentual foi registrado nos estados do Amazonas e Roraima, com um aumento de 37,3% e 28,1%, respectivamente.

    Enquanto alguns acreditam que esse aumento possa ser resultado de um maior empoderamento das vítimas para denunciar, Samira Bueno argumenta que existem outros indicadores sugerindo que a violência contra mulheres está de fato crescendo. Aumentos em chamadas de emergência, crimes de ameaça e agressão, e pedidos de medidas de urgência parecem apontar para um aumento real da violência contra as mulheres.

    A violência sexual também está desproporcionalmente afetando mulheres negras, que compõem 56,8% das vítimas, um aumento em relação aos 52,2% registrados em 2021. Juliana Martins, coordenadora institucional do FBSP, destacou que esses dados evidenciam a força do racismo estrutural na definição do perfil das vítimas.

    Ademais, há a preocupação de que a pandemia da Covid-19 e o fortalecimento de grupos ultraconservadores, associados a um investimento reduzido em políticas de proteção e enfrentamento da violência contra as mulheres, possam estar contribuindo para este aumento significativo dos crimes contra as mulheres.

    Foto: Freepik

    Comentários estão fechados.