No Estado, mais de 360 mil paranaenses com mais de 25 anos têm menos de 1 ano de estudos concluídos. Em cidades como Maringá, há aqueles que se desafiam à voltar para sala de aula depois de adultos: “Educação não tem idade”.
Por Victor Ramalho
A Izabel Porto tem 64 anos e mora em Maringá. Com uma vida inteira dedicada ao trabalho e à família, ela ainda tinha um sonho em mente: concluir os estudos. Ela era uma dos quase 10 milhões de brasileiros que nunca haviam entrado em uma sala de aula.
Era, porque esse cenário mudou em 2021, graças ao Educação de Jovens e Adultos (EJA). Após se matricular no projeto, com o objetivo de concluir o ensino fundamental e médio, ela se sente outra pessoa. Realizada e feliz, ela não perde uma aula. A sensação para a Izabel é de realização.
“Eu estou na escola porque eu tenho um objetivo ainda na minha vida. Eu nunca estudei quando criança, não tive essa oportunidade e decidi encarar esse desafio agora. A experiência é maravilhosa, adoro a escola, os professores, já aprendi muito com todos eles. Acho que educação não tem idade. Para mim, que nunca havia entrado em uma sala de aula, tem sido incrível”, conta.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua da Educação, realizada em 2022, que revelou indicadores otimistas, mas outros também preocupantes do Paraná.
O Estado conseguiu reduzir em cerca de 1% a taxa de analfabetismo comparada com o último levantamento, feito em 2019. Agora, o Paraná tem apenas 3,9% da população adulta que não sabe ler ou escrever, 6º melhor resultado Brasil, atrás apenas de Distrito Federal (1,9%), Rio de Janeiro (2,1%), São Paulo (2,2%), Santa Catarina (2,2%) e Rio Grande do Sul (2,5%).
No entanto, o número de adultos sem instrução, ou seja, aqueles que não concluíram o ensino fundamental, voltou a subir. 4,8% dos paranaenses com mais de 25 anos têm menos de 1 ano de estudos completos, algo em torno de 364 mil paranaenses nessa condição. O resultado é o 2º pior entre todos os Estados das regiões sul e sudeste, atrás apenas do Espírito Santo, que tem 5,1% dos adultos nessa condição. Em nível nacional, a média é de 6%.
Projetos com o Educação de Jovens e Adultos (EJA), que existe há mais de duas décadas, têm o objetivo de melhorar esses indicadores. Maringá, por ser uma cidade com um nível socioeconômico maior que a média, não enfrenta tanto esse problema. Mesmo assim, o município tenta levar as oportunidades para aqueles que precisam.
No município, são 15 instituições municipais que oferecem a modalidade e 241 alunos matriculados este ano, conforme dados da Secretaria Municipal de Educação (Seduc). Segundo a secretária de Educação de Maringá, Nayara Caruzzo, a preocupação com essa população precisa fazer parte das ações do poder público.
“Sabemos que Maringá vive uma realidade confortável sobre o nível de instrução da população. No entanto, não podemos esquecer dessas pessoas que, por algum motivo, não tiveram a chance de concluir os estudos. Aqui na cidade, temos pouco mais de 200 alunos matriculados, número baixo se comparar com as crianças, mas que recebem todo o suporte necessário, inclusive na preparação dos materiais didáticos. Nós entendemos o poder que a educação têm de transformar vidas, por isso levamos essa questão com muita seriedade”, afirma.
Imagem Ilustrativa/Arquivo/Agência Brasil
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