Com roteiro e direção do jornalista Victor Duarte Faria, média-metragem será lançado neste sábado (27), às 10h no Cineflix do Maringá Park.
Por Redação
Baseado na história de Lua Lamberti, travesti maringaense que se graduou, defendeu o mestrado, ingressou no doutorado e atualmente é professora do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o média-metragem “O nome das coisas” estreia neste sábado (27), em Maringá.
O filme terá cinco exibições gratuitas, com a abertura no Cineflix do Maringá Park, às 10h. O documentário tem roteiro e direção do jornalista Victor Duarte Faria e co-direção de Thayse Fernandes.
A produção foi rodada em cinco dias de fevereiro deste ano, inteiramente no Teatro Barracão, intercalando por meio da técnica de “falso plano-sequência” depoimentos de familiares e amigos com a encenação do espetáculo de mesmo título, escrito por Lígia Souza e interpretado pela atriz Mariela Lamberti. O fio linear da peça é a relação entre Mariela e Lua, sua irmã caçula, que se percebeu travesti por volta dos 16 anos de idade. Elas têm 10 anos de diferença de idade e foram aprendendo a lidar com as mudanças de nome, de corpo, de roupas e de afetos.
A dramaturgia reconstrói situações reais vividas pelas duas irmãs, revisitando memórias e sentimentos. Para o diretor, “O nome das coisas” é, de certa forma, um acerto de contas e um pedido de desculpas, mas também um intenso questionamento sobre a necessidade que temos de nomear coisas, pessoas e experiências. O espetáculo já recebeu montagem online durante a pandemia, com direção de Emily Hozokawa e Mariela Lamberti.
O filme de 54 minutos terá cinco exibições gratuitas, seguidas de rodas de conversa sobre o tema da LGBTfobia e das relações familiares na vida de uma pessoa transexual. Haverá versões do filme com legendagem em português, inglês e espanhol, audiodescrição e interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Depois do lançamento, ficará disponível na internet por um ano para ser assistido gratuitamente.
“Foram três anos de dedicação a esse projeto, desde o argumento inicial do filme, passando pela inscrição no prêmio e a execução do filme. Muito mais importante do que tempo que nos foi demandado no projeto, foi a dedicação em afeto a essa história tão bonita. Em ‘o nome das coisas’ eu me emocionei, indignei, ri e refleti. A trajetória se fez especial para mim e, acredito, que para todos que se envolveram no projeto. Espero que o público compreenda a sensibilidade do tema e da história, e se sensibilize com essa narrativa tão potente”, comenta o roteirista e diretor, Victor Faria.
Uma produção essencial para Maringá
O diretor da produção ressalta que um filme como esse se torna fundamental em uma cidade como Maringá, que há pouco tempo passou por intensos debates provocados por situações vividas no âmbito político. Projetos de lei como a implementação de nome social no poder público e a criação de um Conselho LGBTQIA+ não foram aprovados na Câmara de Vereadores da cidade, alertando a população para o quanto de preconceito ainda existe em pleno século 21.
Além disso, dados apresentados em 2020, em uma pesquisa feita pela FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz) em parceria com o IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Ministério da Saúde – baseados em dados do SUS (Sistema Único de Saúde), apontam que, em média, uma pessoa LGBTQIA+ é agredida a cada uma hora. Os números apresentados se referem aos anos de 2015, 2016 e 2017 e apontam que 24.564 pessoas foram agredidas ou mortas no período. A história de Lua Lamberti é uma exceção. Diante desse cenário, todo e qualquer material feito em defesa de um grupo de minorias torna-se essencial para que sejam cumpridos os princípios básicos da democracia.
Foto: Divulgação
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