Psicóloga alerta sobre sinais de violência sexual em crianças e adolescentes

Para prestar a ajuda adequada em caso de necessidade, é fundamental que os adultos estejam atentos aos sinais que as vítimas podem apresentar.

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    Quando começou o acompanhamento psicológico depois de ser vítima de violência sexual, Fernanda (nome fictício), de 14 anos, tinha perdido a vontade de viver. A adolescente já não estudava e sequer tinha planos, como fazer faculdade ou trabalhar. Depois de cerca de três anos frequentando a APMIF São Rafael, que é uma das únicas entidades no Paraná que presta atendimento psicológico a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual de forma gratuita e contínua, o brilho no olhar voltou ao semblante da garota, que hoje tem 17 anos. Em um relato de áudio, gravado com a autorização dela, a jovem disse como se sente atualmente:

    “Conversar sobre o assunto me ajudou muito, muito mesmo. Hoje eu tenho paixão em viver, voltei a estudar, estou trabalhando, indo na academia e ainda quero fazer faculdade”, diz.

    O atendimento recebido por Fernanda foi viabilizado pelo ‘Projeto Fazendo a Diferença’, que consiste no atendimento psicológico de crianças vítimas de violência sexual e familiares responsáveis. Edinêa Juliana Maldonado é psicóloga e uma das criadoras do projeto que, desde 2016, já realizou mais de 5.500 atendimentos especializados a mais de 300 vítimas de violência sexual. Em alusão ao dia 18 de maio, que é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra crianças e adolescentes, a profissional faz um alerta sobre os sinais que indicam que crianças e adolescentes podem estar vivenciando situações de violência sexual, assim como aconteceu com Fernanda.

    Tanto nas crianças como nos adolescentes, os sinais se dão por mudanças no comportamento. Nos menores, é mais comum situações como falta de controle das fezes e urina (quando já havia adquirido essa habilidade), falta ou excesso de apetite, dificuldades para dormir ou pesadelos, desinteresse pela escola, mudança na forma de se comunicar e se relacionar, medo e tristeza sem motivos aparentes, choro ou apatia. “Já nos adolescentes, é mais comum casos de agressividade ou apatia, uso de álcool ou drogas, automutilação, fugir ou evitar ficar em casa para evitar situações de abuso, etc”, explica.

    Para prestar a ajuda adequada em caso de necessidade, é fundamental que os adultos estejam atentos aos sinais que as vítimas podem apresentar.

    “É preciso que os adultos, sejam eles pais, professores, familiares ou responsáveis, se questionem sobre as mudanças no comportamento das crianças e adolescentes. Deixar escapar fezes ou urina, por exemplo, pode indicar que a situação vivenciada é tão desesperadora que aquilo precisa sair por algum lugar e, se não sai por meio de palavras, vai sair de outra forma. Então, o caminho é esse: observar o que pode indicar aquilo que não é dito”, esclarece.

    Sobre a APMIF São Rafael:

    Fundada em 2004, a APMIF São Rafael é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos que atua na promoção e proteção dos direitos e do exercício da cidadania de crianças e adolescentes, especialmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

    A entidade desenvolve iniciativas que buscam garantir a qualidade de vida e a promoção da saúde por meio do acesso a serviços multidisciplinares especializados, como Pediatria, Fonoaudiologia, Oftalmologia, Psicologia, Psiquiatria, Nutrição, entre outros.

    Em 18 anos de história, a São Rafael contabiliza mais de 82 mil atendimentos e mais de 7 mil crianças e adolescentes beneficiados, incluindo vítimas de violência sexual. O ‘Programa Fazendo a Diferença’ rendeu à entidade o Prêmio Criança ABRINQ 2022, por ser referência no Paraná em atendimentos dessa natureza de forma gratuita e contínua.

     

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