A jornalista norte-americana Barbara Walters, que abriu caminho para as mulheres no noticiário televisivo e foi a primeira mulher a atuar como segunda âncora de um programa noturno de notícias, faleceu aos 93 anos, nos Estados Unidos. A morte de Walters foi comunicada pela ABC na noite da sexta-feira, 30.
“Barbara Walters faleceu pacificamente em sua casa cercada por entes queridos. Ela viveu sua vida sem arrependimentos. Ela foi pioneira não apenas para as jornalistas, mas para todas as mulheres”, disse a assessora Cindi Berger, em comunicado.
Durante quase quatro décadas na ABC, e antes disso na NBC, as entrevistas exclusivas de Walters com governantes, realeza e artistas concederam a ela o status de celebridade, que a equiparou aos seus entrevistados. Isso também a colocou na vanguarda da tendência do jornalismo de transmissão, que transformou repórteres de TV em estrelas e trouxe programas de notícias para a corrida por audiências mais altas.
Barbara Walters chegou às manchetes, em 1976, como a primeira âncora feminina de uma rede de notícias, com um salário anual de $ 1 milhão. Com uma motivação constante, buscava sempre “grandes conquistas”, competindo não apenas com as redes rivais, mas também com colegas de sua própria emissora. A comunicadora vivenciou a expansão da quantidade de entrevistadores no mundo, incluindo jornalistas do sexo feminino que seguiram o caminho que ela abriu.
“Eu nunca esperei isso!”, disse Walters, em 2004, medindo seu sucesso. “Eu sempre pensei que seria uma escritora para a televisão. Nunca pensei que estaria na frente de uma câmera”, acrescentou. Mas ela era natural diante das câmeras, especialmente quando fazia perguntas aos notáveis. “Não tenho medo quando estou entrevistando, não tenho medo!”, enfatizou a jornalista à Associated Press em 2008.
A jornalista se aposentou em 2014, depois de uma carreira ilustre de 53 anos. Na época com 84 anos, ela se despediu no ‘The View’, programa matutino que ela criou em 1997 durante uma trajetória na qual cobriu vários eventos, da viagem histórica do presidente Richard Nixon à China em 1972 até entrevistas com várias gerações de celebridades e líderes mundiais, incluindo o presidente Barack Obama.
Ainda na despedida, Walters disse sentir orgulho sobretudo de como mais mulheres relatam notícias hoje em dia. “Se eu fiz algo para ajudar isso a acontecer, esse é meu legado”, contou. “Quem sabe o que o futuro irá trazer? Talvez, em vez de adeus, eu deva dizer ‘a bientôt’, que em francês significa ‘até mais tarde'”.
Barbara Walters deixa sua única filha, Jacqueline Danforth.
Conteúdo Estadão / Foto: Reprodução
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