Três testemunhas acusam Flordelis no 1º dia de julgamento pela morte de pastor

Segundo testemunho do delegado, Flordelis tentou envenenar o marido em pelo menos seis ocasiões. O delegado elencou ainda mensagens trocadas por ela com os filhos tratando do planejamento da morte do pastor.

  • O julgamento da ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, acusada pela morte do marido, pastor Anderson do Carmo, pode se estender por três dias. A previsão é da juíza Nearis Arce, que preside os trabalhos. O ritmo dos depoimentos foi lento no primeiro dia (7), que começou com duas horas de atraso e foi marcado por muitas discussões entre advogados de defesa e promotores.

    A primeira testemunha a ser ouvida foi a delegada de polícia Bárbara Lomba, que presidiu a primeira fase das investigações que levaram à cadeia Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo, em julgamento ocorrido em novembro de 2021. O depoimento da delegada durou mais de 4 horas.

    A segunda testemunha ouvida na segunda-feira, 7, primeiro dia do julgamento da pastora e ex-deputada federal Flordelis pela morte do pastor Anderson do Carmo, seu então marido, em 16 de junho de 2019, foi o delegado Alan Duarte, que 24 de janeiro de 2020 assumiu a investigação do caso, substituindo a delegada Bárbara Lomba, primeira testemunha ouvida no julgamento e que disse, mais cedo na segunda-feira, que provas do crime teriam sido queimadas no quintal da casa onde a família morava, em Pendotiba, Niterói. Duarte foi responsável pela conclusão do inquérito e por imputar a Flordelis a prática do homicídio.

    Em seu depoimento perante o Tribunal do Júri no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Duarte narrou sua parte na investigação e afirmou estar certo de que a pastora foi responsável pelo crime.

    Segundo o delegado, a pastora se contradisse pela primeira vez quando questionada sobre o local onde teria ido na noite de sábado, 15 de junho de 2019, horas antes do crime, ocorrido na madrugada de 16 de junho.

    “Primeiro ela afirmou que tinha ido ao Rio para comer petiscos, depois afirmou que foi namorar na praia, disse que foi a Copacabana, mas não há nenhum registro da passagem do carro em que ela estava por esse bairro”, afirmou. Uma outra contradição teria ocorrido, segundo o delegado, quanto ao celular do pastor, que a princípio teria sido roubado pelos criminosos que o mataram (inicialmente foi alegado latrocínio). Mas o celular teria sido usado, depois do crime, pela própria pastora.

    Segundo Duarte, Flordelis tentou envenenar o marido em pelo menos seis ocasiões. O delegado elencou ainda mensagens trocadas por ela com os filhos tratando do planejamento da morte do pastor.

    A terceira testemunha a prestar depoimento foi Regiane Ramos Cupti Rabello, que conheceu Lucas – filho afetivo do casal e acusado de participação na morte do pastor – quando ele tinha 14 anos, porque morava perto da casa de Flordelis e era próxima da família.

    Regiane empregou o rapaz na oficina mecânica do marido e passou a auxiliar Lucas, que segundo ela reclamava muito da família. Lucas chegou a morar com Regiane e teria relatado vários problemas familiares. Em seu depoimento, a testemunha acusou Flordelis de fazer uma proposta a Lucas para matar o pastor – ele teria se recusado a praticar o crime.

    Regiane afirmou ainda que, logo após o assassinato do pastor Anderson, a então deputada federal realizou um treinamento para combinar os depoimentos que seriam prestados pela família à Polícia Civil. Ainda segundo ela, os familiares empregados no gabinete de Flordelis na Câmara dos Deputados praticavam o esquema ilegal da “rachadinha”: eles ganhariam cerca de R$ 15 mil e ficavam com cerca de R$ 2.500, devolvendo a diferença à pastora.

    A sessão de julgamento foi interrompida pouco depois das 22h15 desta segunda e será retomada nesta terça-feira, 8.

    Estadão Conteúdo e Agência Brasil / Foto: Agência Brasil

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