A xícara de café de cada dia, presente na rotina da maioria dos brasileiros, faz parte de um movimento global que pode levar ao consumo diário de mais de 2 bilhões de xícaras por dia em 2022. A estimativa integra um relatório da Associação Britânica do Café, que revela que somente 2,8% deste consumo deve vir de cápsulas de café que, segundo o estudo, são o segundo meio menos poluente, ficando atrás apenas dos cafés solúveis.
De acordo com uma pesquisa da companhia britânica de cápsulas biodegradáveis Halo, dentre as 2 bilhões de xícaras diárias, ao menos 56 milhões são provenientes das cápsulas de café, cerca de 39 mil cápsulas por minuto. Por outro lado, 29 mil cápsulas deixam de ser recicladas a cada minuto, sendo descartadas em lixões
Giovanni Bruno, editor-geral do portal on-line de cafés iCafeBr, destaca que o impacto do consumo diário do café no planeta só tende a crescer devido ao aumento do consumo da bebida em mercados emergentes e a popularidade entre jovens millennials e da geração Z.
De fato, dados do relatório de outono de 2021 da NCDT (National Coffee Data Trends) revelam que as gerações mais jovens estão aumentando sua ingestão da bebida: 65% dos millennials com idades entre 25 e 39 anos relataram beber café no dia anterior. Entre a geração Z, quase metade (46%) dos entrevistados de 18 a 24 anos disseram o mesmo, número que aumentou 10% desde janeiro.
Além disso, os jovens consumidores de café têm impulsionado as vendas no segmento de especialidades. De acordo com o levantamento, 49% dos participantes com idades entre 25 e 39 anos afirmaram que bebem ao menos uma xícara de café especial ao dia.
“Felizmente, o público e as grandes marcas já estão tomando medidas para tornar esse consumo mais consciente, através do uso de cápsulas reutilizáveis, biodegradáveis e a coleta para reciclagem”, articula Bruno.
Empresas e consumidores podem reduzir o impacto das cápsulas
O editor-geral da iCafeBr destaca que os métodos de consumo de café mais poluentes são os cafés coados tradicionais e os expressos retirados por máquinas de café profissionais: “Estes métodos, respectivamente, costumam utilizar uma quantidade grande de café, filtros e muita água fervente. Já os meios de consumo mais sustentáveis são o café instantâneo e o retirado de cápsulas”.
Com efeito, estudos publicados pela Universidade de Bath, no Reino Unido, noticiados pela revista Wired, indicam que o consumo de café em cápsulas polui menos do que o consumo tradicional expresso ou o café coado.
As pesquisas demonstram que os cafés coados tradicionais utilizam filtros mais poluentes, além de uma quantidade maior de café por xícara. Quando considerado todo o processo de produção e transporte do café e filtros, o hábito aumenta ainda mais a pegada de carbono.
Segundo Bruno, outro fator que deixa a bebida em cápsulas menos poluente do que os expressos convencionais é que as cafeteiras de cápsulas utilizam uma quantidade bem menor de água fervente para a extração do café do que as máquin as de café profissionais e industriais, o que resulta na economia de energia elétrica.
“Mesmo trazendo um método de extração menos poluente, as maiores fabricantes das cápsulas para cafeteiras já buscam alternativas para reduzir ainda mais o impacto dessas 29 mil cápsulas jogadas fora por minuto”, reporta.
Neste contexto, segundo o profissional, também é preciso tomar medidas para reduzir o impacto poluente das cápsulas de café. Para tanto, ele recomenda o uso de cápsulas reutilizáveis, cápsulas biodegradáveis e, sempre que possível, da devolução das cápsulas utilizadas para pontos de coleta para serem recicladas.
“As maiores marcas já possuem diversos pontos e lojas onde se pode deixar as cápsulas utilizadas para que estas possam ser recicladas”, afirma.
Para concluir, Bruno ressalta que, enquanto as cápsulas de café tradicionais não são totalmente ou facilmente recicláveis, resta aos consumidores buscarem alternativas e meios de coleta para reciclagem, tornando suas xícaras de café ainda mais leves para o planeta. “As vilãs dos lixões, em um futuro breve, podem se tornar ainda mais benéficas para o meio ambiente”, finaliza.
Foto: Freepik
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