O Nordeste deu a vitória para Lula: será que foi isso mesmo?

Não houve avanço no número de votos do candidato petista na região Nordeste; mas o que aconteceu com o presidente Bolsonaro no Sul e Sudeste?

  • Por Adriano Prado Marquioto, analista político, especial para o Maringá Post

    A cada eleição buscamos entender os motivos que levaram a tal resultado, bem como quais agrupamento de eleitores foram fundamentais para o sucesso eleitoral de determinado candidato.

    Tradicionalmente, atribui-se as vitórias de candidatos do PT à presidência da República aos eleitores residentes na região nordeste do país, entretanto sem precisar usar lupa percebemos que, em 2022, o resultado final que garantiu a eleição de Luís Inácio Lula da Silva foi por conta dos votos conquistados nas regiões Sul e Sudeste. A conquista de mais votos nestas regiões foi fundamental e fez a diferença.

    Lula conquistou em 2022 na região Nordeste 69,34% dos votos, percentual muito próximo ao obtido por Fernando Haddad em 2018 (69,70%), Dilma em 2014 (71,70%) e Dilma em 2010 (70,60%), ou seja, não houve crescimento nem decréscimo significativo da votação histórica obtida por candidatos a presidência pelo Partido dos Trabalhadores.

    Já nas regiões Sul e Sudeste do país o atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que concorreu à reeleição, teve desempenho muito inferior ao conquistado em 2018.

    Observe: região Sul, 2018, 68,30% e região Sudeste, 65,40% dos votos, enquanto que, em 2022, os percentuais foram reduzidos para 61,84% e 54,26% respectivamente.

    Dessa forma, concluímos que antes de atribuir de forma categórica que tal seguimento ou agrupamento foi decisivo para a vitória de um candidato é preciso observar os dados eleitorais dentro do tempo da história para saber em que espaço ou segmento houve mudança significativa que representou ganho ou perda de votos dos candidatos postulantes.

    Fica evidente que o resultado final – a eleição de Luís Inácio Lula da Silva e por consequência a não reeleição de Jair Bolsonaro – se explica a partir do movimento dos eleitores das regiões Sul e Sudeste do Brasil que garantiram a eleição do candidato do PSL naquela ocasião e que, após quase quatro anos de governo, parte do eleitorado das regiões mais ricas e desenvolvidas, migrou para o candidato petista dando-lhe a vitória.

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