Mayra Aguiar treina com adversários homens no judô para superar rivais maiores

Sua programação é descansar algumas semanas e logo depois voltar aos treinos em Porto Alegre já de olho no Campeonato Master de Judô.

  • A judoca Mayra Aguiar treina com rivais homens no Brasil para se adaptar ao tamanho e força das rivais estrangeiras. Sua concentração no Mundial, na semana passada, foi apontada por ela mesma, como ponto forte de suas apresentações no Usbequistão, onde ganhou pela terceira vez a medalha de ouro.

    “Meu estado físico e mental estava muito bom, bem equilibrado, e o planejamento para esta competição foi bem realizado. A disputa do Mundial é mais difícil do que os Jogos Olímpicos porque nesta competição podem entrar até duas atletas por categoria, ou seja, duas japonesas, duas francesas ou duas russas, por exemplo. É uma pressão grande, mas estava preparada”, disse a atleta gaúcha, em seu retorno para Porto Alegre.

    Aos 31 anos, a judoca do Clube Sogipa conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Judô realizado no Humo Ice Dome, em Tashkent, capital do Usbequistão, tornando-se assim tricampeã mundial na categoria meio-pesado, até 78kg. A disputa ocorreu entre os dias 6 e 13 deste mês. Esses mesmos títulos foram conquistados por Mayra nas edições do Mundial de 2014 e 2017.

    Durante a etapa final da competição, no último dia 11, Mayra ganhou da chinesa Ma Zhenzhao por waza-ari, garantindo assim o lugar mais alto do pódio. Na manhã do domingo, em entrevista ao Estadão, a tricampeã mundial afirmou que chegou bem preparada e bastante concentrada para as lutas, que fazem parte da sua preparação para os Jogos de Paris-24.

    Mayra ganhou de nomes pesados do judô mundial, como a japonesa Shori Hamada, atual campeã olímpica da categoria e vencedora da edição de 2018 do Mundial. Na semifinal, a brasileira lutou e superou a campeã europeia, a judoca alemã Alina Böhm. No entanto, foi na final o momento mais difícil para Mayra diante da chinesa Ma Zhenzhao.

    “Ela é uma atleta bem alta, muito grande e torna a luta difícil. Precisamos nos acostumar com isso. No Brasil, não temos atletas desse porte (referindo-se a altura). Eu procuro fazer adaptações treinando com judocas masculinos, os mais altos e fortes. Claro que não consigo jogá-los no chão, porque não é essa a realidade que deveria ter, mas é uma adaptação que me ajuda muito”, comentou Mayra Aguiar, cuja altura é 1,78m.

    Entre as novas estratégias para melhorar seu desempenho físico e mental como atleta olímpica, Mayra afirmou que foram trocados nos últimos meses os horários de treinos que antes eram somente noturnos, a partir das 20h. Agora, ao menos 3 vezes por semana, os atletas passam a treinar durante as tardes também. “Agora consigo dormir e acordar bem mais disposta”, diz.

    Sua programação é descansar algumas semanas e logo depois voltar aos treinos em Porto Alegre já de olho no Campeonato Master de Judô, que ocorrerá de 20 a 22 de dezembro, em Israel. Para essa competição, a judoca brasileira chegará mais confiante, mas também sob os olhares desconfiados e de respeito de suas concorrentes. Em sua categoria, ela a atleta a ser batida agora.

    Conteúdo Estadão/Foto: reprodução

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