O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 23, não celebrar o recuo nos índices de inflação registrados recentemente. “Ainda há muito trabalho a fazer”, afirmou. “Maior parte do trabalho do BC ainda não impactou preços.”
Em participação no 18º International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, Chile, Campos Neto previu três meses de deflação decorrentes das medidas adotadas pelo governo para baixar o preço dos combustíveis.
Mas ressaltou outras variáveis, como questões sobre taxa de equilíbrio de desemprego no Brasil. “Ainda vemos inflação de serviços subindo, com moderação em núcleos”, acrescentou.
Ganho de tração da economia
O presidente da autoridade monetária defendeu ainda que o ganho de tração da economia também decorre de reformas aprovadas e disse que o emprego tem sido a “grande surpresa positiva” no Brasil.
Campos Neto disse que os países da OCDE estão revisando as previsões de crescimento de suas economias para baixo, enquanto, no Brasil, as projeções estão sendo mudadas para cima. “Boa parte das revisões de PIB para cima no Brasil decorre de medidas do governo”, afirmou.
No evento, o presidente da autoridade monetária ressaltou ainda que os modelos apontam grande probabilidade de recessão nos EUA.
Incerteza fiscal
O presidente do Banco Central ressaltou também que há incertezas fiscais adiante com as eleições, sobre qual será o arcabouço fiscal a ser adotado no próximo governo. Ele ressaltou que parte da melhora fiscal registrada pelo atual governo, com a arrecadação em alta, decorreu da inflação e da mudança de consumo que, com a pandemia, foi direcionado para bens, que pagam mais impostos, em detrimento de serviços, menos tributados.
Conteúdo Estadão/Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
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