Portadora de doença rara, mulher se recupera da Covid-19 com tratamento à base de leite materno

A mulher é portadora da Síndrome de Imunodesregulação, doença rara que prejudica a produção de alguns anticorpos neutralizadores de vírus, bactérias e outros organismos causadores de doenças e infecções.

  • Existem apenas 127 casos da Síndrome de Imunodesregulação no mundo / Imagem: Agência Brasil

    A mulher é portadora da Síndrome de Imunodesregulação, doença rara que prejudica a produção de alguns anticorpos neutralizadores de vírus, bactérias e outros organismos causadores de doenças e infecções.

    A paciente faz acompanhamento desde a infância com a médica pediatra Maria Marluce dos Santos Vilela, uma das autoras do artigo produzido por cientistas da Unicamp sobre o caso da paciente.

    Após ser infectada com Covid-19, no ano passado, a mulher iniciou e continuou o tratamento em casa, por ordem médica, já que ela corria o risco de contrair outra infecção no hospital, caso ficasse lá.

    Segundo Vilela, ela apresentou sintomas leves nos primeiros 15 dias de isolamento, e não teve nenhuma alteração no sistema respiratório e nem nos pulmões. Após dois meses a paciente continuava positivada. Então a equipe médica realizou a transfusão de anticorpos de pessoas que haviam se recuperado da Covd-19 para ela.

    Com esse procedimento a mulher apresentou melhora nos sintomas, mas 15 dias após isso, o teste PCR dela continuava positivado. Foi então que a equipe optou por experimentar tratar a paciente com leite materno, visto que na mesma época, um estudo apontava que mulheres lactantes que haviam se vacinado com a dose da Pfizer, produziam leite com uma dose razoável de um dos anticorpos principais para proteção de vírus.

    Segundo a médica, foi possível saber se a doadora estava imunizada por conta de informações do sistema de doação de leite, que aceita apenas a doação de mulheres saudáveis, com testes negativos de doenças infecciosas, como por exemplo a Aids.

    A paciente ingeriu 30 mililitros de leite materno a cada três horas durante o dia, por uma semana. E após isso a ela realizou três testes PCR, com um intervalo de dez dias cada, e todos negativara. Ela permaneceu aproximadamente 124 dias com o vírus da Covid-19 ativo no organismo.

    O caso dessa paciente foi documentado pela Dra. Maria Marluce e equipe médica e científica da Unicamp no artigo  Clearance of Persistent SARS-CoV-2 RNA Detection in a NFκB-Deficient Patient in Association with the Ingestion of Human Breast Milk: A Case Report 

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