“Nossas casas estão limpas demais e deviam ter uma camada de germes”, diz pesquisadora

De acordo com a nova hipótese, a falta de exposição a certos antígenos “seguros” durante a infância aumenta risco de alergias e doenças auto-imunes

  • Por Vitor Germano

    Nossos lares são excepcionalmente limpos hoje em dia, devido à invenção de produtos de limpeza modernos — Mas de acordo com pesquisadores, isso não é uma coisa boa, em especial para as crianças.

    A introdução de certas “bactérias boas” pode ser essencial em fomentar o desenvolvimento de um sistema imunológico saudável, e impedir doenças alérgicas como Asma.

    É isso que declara a equipe de pesquisadores por trás do livro Inside OUT: Saúde humana na era do ar condicionado, liderada por Elizabeth McCormick.

    McCormick é uma professora de arquitetura e tecnologias de construção na universidade da Carolina do Norte, especializada em estratégias de construção saudáveis e sustentáveis.

    O ecossistema dentro de prédios se torna particularmente importante com a quantidade de tempo que pessoas passam do lado de dentro.

    Propagandas para sabonetes e detergentes, por exemplo, pregam o medo de germes, e comerciais para medicações também adoram usar representações visuais de microorganismos” disse McCormick ao jornal Newsweek

    A nova teoria, chamada a hipótese da higiene, sugere que uma falta de exposição a agentes infecciosos e certos micróbios durante a infância leva a um risco maior de doenças autoimunes e alergias.

    A teoria é que exposição a bactérias, vírus, e outros micróbios serve para treinar o sistema imunológico e regular suas respostas.

    Sem essa exposição, o sistema imunológico pode tornar-se excessivamente sensível e reagir a substâncias inofensivas, como pólen e certos alimentos, levando a alergias. A hipótese também sugere que infecções durante a infância podem retardar o desenvolvimento de doenças auto-imunes ao fomentar o equilíbrio do sistema.

    O conceito básico é que nosso estilo de vida é limpo em excesso” disse Byram Bridal, um professor de imunologia viral na Universidade Guelph, no Canadá. “Em seu cerne a ideia é que se exposto a certas infecções e moléculas ‘seguras’ no ambiente é essencial para o desenvolvimento saudável de tolerância imunológica, especialmente na infância.

    Bridle adicionou. “O sistema imunológico precisa distinguir coisas seguras de coisas perigosas, e ele precisa ser sintonizado para diferenciar as duas coisas. Essa sintonia acontece principalmente entre o nascimento e os seis anos de idade, embora não termine seu desenvolvimento até a adolescência

    Ele disse que a evidência principal desta teoria são níveis elevados de alergia, asma, e doenças autoimunes em países desenvolvidos, se comparado às regiões mais pobres.

    Isso é exacerbado pelo design de casas modernas, que não permitem a circulação efetiva de ar – E portanto micróbios e alergênicos – Entre o exterior e a casa.

    McCormick disse “nossa filosofia antibiótica leva à conversa sobre prédios ‘saudáveis’ girar em torno da eliminação completa de comunidades microbiais, o que elimina organismos que não são patogênicos e são essenciais para uma função imune saudável.

    Certos níveis de contato com micróbios são fundamentais para a saúde humana.”

    McCormick até sugere que um método de resolver o problema seria “semear” a casa com bactérias probióticas de alguma forma, para garantir a exposição adequada de crianças aos micróbios. Isso pode incluir ter um cão e plantas em vasos.

     

     

     

     

     

    Comentários estão fechados.