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Por Jussara Costa
O fim do ano chega como um convite para refletirmos sobre tudo o que vivemos e tudo o que ainda desejamos alcançar. É uma época marcada por uma avalanche de emoções: exaustão, saudade, esperança e, muitas vezes, ansiedade. Para muitos, é como se a “bateria social” estivesse no limite, e a expectativa pela virada do ano se transformasse em uma âncora de renovação. Mas por que a passagem de um dia para o outro carrega tanto simbolismo?
Não é apenas o fechar do calendário; a virada do ano representa a possibilidade de recomeçar. A frase de Clarice Lispector traduz bem esse sentimento: “Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.” É nesse espírito que criamos novos planos, renovamos sonhos e acendemos a esperança. Cada ano que termina traz a oportunidade de revisitar metas, encerrar ciclos e escrever novas histórias.
Entretanto, o final de ano também pode ser desafiador. Ao mesmo tempo em que olhamos para frente com otimismo, somos puxados pelo peso das retrospectivas. Recordamos quem já não está conosco, lamentamos o que não conseguimos realizar e sentimos o cansaço acumulado. Dezembro parece concentrar toda a energia de um ano inteiro, nos lembrando da finitude do tempo e, paradoxalmente, da possibilidade de renovação.
Não é à toa que profissionais da saúde mental chamam esse fenômeno de “dezembrite”, um período marcado pelo aumento das crises de ansiedade. Entre o frenesi das comemorações e o balanço emocional, muitas pessoas sentem dificuldades em lidar com a mistura de despedidas, saudades e expectativas.
Mas como navegar por tantas emoções?
Primeiro, é essencial acolher nossos sentimentos sem julgamentos. Nem tudo o que planejamos se concretiza, e isso é parte natural da vida. Ao invés de focar no que não deu certo, celebre as conquistas — mesmo as pequenas. Cada passo adiante, por menor que pareça, é motivo de orgulho.
Além disso, procure desacelerar. O ritmo frenético de dezembro, com festas, compras e compromissos, pode nos afastar do que realmente importa. Permita-se momentos de pausa, reconexão consigo mesmo e com quem você ama. Pratique a gratidão: lembrar-se das coisas boas que aconteceram ao longo do ano ajuda a ressignificar o período e a encontrar leveza.
Se as emoções parecerem avassaladoras, não hesite em buscar apoio. Conversar com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental pode ajudar a transformar esse turbilhão em aprendizado e crescimento.
O mais importante é lembrar que cada virada de ano traz a chance de recomeçar. Seja no dia 1º de janeiro ou em qualquer outro momento, temos sempre a oportunidade de transformar nossos sonhos em realidade. Como diz Clarice, existe sempre um novo dia, com novos risos e novas possibilidades. E isso é o que faz a vida tão especial: a chance infinita de renascer.
Que este fim de ano seja um momento de acolhimento e renovação, para que você inicie o próximo ciclo com mais esperança, força e serenidade. Afinal, o novo sempre vem, e com ele, a promessa de um recomeço.
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