O mercado de trabalho contemporâneo enfrenta uma variedade de desafios, entre os quais se destaca a questão do envelhecimento da força de trabalho. À medida que a população mundial continua a envelhecer, o número de trabalhadores com mais de 50 anos cresce, apesar dos desafios significativos que muitos enfrentam no local de trabalho. Discriminação etária, falta de oportunidades de aprendizagem e a obsolescência das habilidades são apenas algumas das dificuldades que os trabalhadores mais velhos enfrentam.
Um estudo de 2022 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os trabalhadores com mais de 50 anos são uma força trabalhista subutilizada e negligenciada. A pesquisa mostra que, apesar de comporem uma parte significativa da força de trabalho, muitos desses trabalhadores enfrentam obstáculos para conseguir emprego, sofrem com salários mais baixos e têm menos oportunidades de promoção comparados a colegas mais jovens.
O potencial dessa força de trabalho para contribuir para a economia e a sociedade é enorme, mas muitas vezes é ignorado. Um estudo de 2021 do Instituto de Pesquisa Pew nos Estados Unidos, destacou que os trabalhadores mais velhos possuem preferências, necessidades e objetivos de aprendizagem únicos. Estes devem ser levados em consideração ao desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento, ao invés de oferecer treinamentos padronizados que não levem em conta a diversidade de experiências e habilidades dessa demografia.
Com base nessas informações, é possível traçar estratégias eficazes para maximizar a participação dos trabalhadores mais velhos e potencializar suas contribuições no mercado de trabalho:
Oferecer programas de aprendizagem flexíveis e personalizados: As organizações devem desenvolver programas que levem em conta as preferências, as necessidades e os objetivos dos trabalhadores mais velhos. Isso torna o aprendizado mais relevante e eficaz para esse grupo.
Promover uma cultura de aprendizagem contínua e inclusiva: Um estudo do Harvard Business Review de 2022 mostrou que a valorização da diversidade geracional e o estímulo ao compartilhamento de conhecimentos e experiências entre os diferentes grupos etários podem melhorar a produtividade e a satisfação no trabalho. O estudo também salientou que as organizações que implementaram essas práticas tiveram um melhor desempenho em termos de retenção de funcionários e satisfação do cliente.
Reconhecer e aproveitar as competências e os talentos dos trabalhadores mais velhos: De acordo com um relatório de 2023 da Deloitte, os trabalhadores mais velhos muitas vezes têm habilidades e experiências valiosas que podem ser utilizadas em funções de desenvolvimento de carreira, de liderança e de mentoria. Portanto, as organizações devem oferecer oportunidades de desenvolvimento e reconhecimento para esses trabalhadores.
Apoiar os trabalhadores mais velhos na transição para novas funções ou para a aposentadoria: As organizações devem oferecer suporte aos trabalhadores mais velhos à medida que eles passam para novas funções ou se preparam para a aposentadoria. Isso pode incluir ajudá-los a planejar seu futuro profissional e pessoal. A OMS aponta que a transição bem-sucedida para a aposentadoria pode melhorar a saúde mental e física, bem como a satisfação geral com a vida.
Em suma, apesar dos desafios enfrentados pelos trabalhadores mais velhos, eles possuem um potencial imenso para contribuir significativamente para as organizações e a economia em geral. É crucial que as organizações reconheçam esse potencial e tomem medidas para apoiar e engajar essa importante demografia no local de trabalho.
Foto: Ilustrativa
Ronaldo Nezo é comunicador social e doutor em Educação
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