Vamos fazer um teste: quando qualquer pessoa fala em “Botox®”, qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Muito provavelmente é a suavização das rugas (ou talvez até – erroneamente – o volume dos lábios, que na verdade não é alcançado através de Botox® e sim de preenchimento com ácido hialurônico). De qualquer forma, automaticamente ligamos a Toxina Botulínica aos procedimentos estéticos, e com razão, pois foi na Estética que esse poderoso medicamento se tornou muito conhecido.
O que poucos sabem é que o nosso queridinho da Harmonização Facial surgiu com o objetivo principal de tratar espasmos musculares, na década de 1810. O tratamento para estrabismo também começou a ser realizado com Toxina Botulínica cerca de 170 anos depois. Mas aquilo que demorou para evoluir nos seus primeiros passos, tomou grandes proporções quando perceberam que, nos locais onde se realizava a aplicação, as rugas desapareciam. Esse foi o grande salto estético da Toxina Botulínica, se tornando o procedimento estético mais popular do mundo.
Contudo, as suas funções terapêuticas continuaram evoluindo, e hoje conhecemos inúmeras aplicabilidades do Botox® além de limitar a ação do músculo para controlar a formação de rugas.
Como cirurgiãs-dentistas, ao longo dos anos, nos deparamos com muitos pacientes com quadros de apertamento e ranger de dentes de forma involuntária, desencadeados por fatores externos principalmente (como estresse e ansiedade), o chamado Bruxismo. Essa condição causa, além do desgaste dos dentes, lesões graves na articulação que movimenta nossa mandíbula, dores musculares e dores de cabeça. Para o alívio da hiperatividade dos músculos envolvidos nesse processo, a Toxina Botulínica começou a ser considerada e utilizada como parte de um protocolo que engloba outras condutas para tratar o Bruxismo.
Ainda dentro da Odontologia, e com certa finalidade estética, o Botox® é muito bem utilizado para correção do “sorriso gengival” quando o problema é muscular. Pacientes que se incomodam com o aparecimento excessivo da gengiva ao sorrir ou falar, podem se beneficiar desse poderoso medicamento.
O “queixo celulítico”, ou seja, aquele queixo que forma furinhos e fica com aspecto de casca de laranja quando falamos ou cerramos os lábios também é tratado com a Toxina Botulínica. Nesses casos, geralmente o indivíduo tem falta de projeção do queixo que pode ser preenchido com ácido hialurônico ou corrigido com cirurgias, mas não sem antes aliviar essa força muscular.
As cefaleias tensionais também podem ser amenizadas com a aplicação do Botox® nos músculos específicos que geram esse incômodo, causando alívio e até mesmo a ausência das crises, assim como a hiperidrose (suor excessivo), que geralmente gera muito constrangimento, e é satisfatoriamente controlada quando fazemos uso do mesmo.
Pacientes com graves comprometimentos como Paralisias Faciais, com sequelas de AVC ou lesões nervosas podem contar com a Toxina Botulínica como coadjuvante da fisioterapia em pacientes que tiveram movimentos importantes comprometidos devido à rigidez da atrofia muscular.
Por fim, o medicamento também é utilizado para controle e tratamento de casos de sialorreia (salivação excessiva) que geralmente são consequência de doenças como Paralisia Cerebral, Alzheimer em fase avançada, AVC, Esclerose Lateral Amiotrófica, dentre outras.
Hoje, não há dúvidas de que a Toxina Botulínica é um medicamento muito versátil, que é capaz de ajudar em inúmeras condições para o bem-estar estético e funcional de cada paciente que se submete à sua aplicação (e com o benéfico de uma durabilidade alta quando comparada a outros medicamentos).
Comentários estão fechados.