E não é sobre o seu poder de compra – que, inclusive, é de R$ 420 bilhões, ou cerca de 10% da riqueza produzida no país. É sobre o dinheiro que te defende (ou deveria).
Se nem o do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foi destinado para nós.
Sério.
Não era bem dessa maneira que eu planejava voltar para a Queer Post, para falar bem a verdade. Não pensava (por ser otimista) que estaríamos tão afundados no mar da desinformação e do caos. Estamos, neste momento, diante de um presidente enlouquecido usando rádios de pretexto para tentar implicar um terceiro turno. Lunático.
Mas o governo de Jair Bolsonaro, além de perverso por uma infinidade, em desventuras, de absurdos contra diversas populações, mirou exclusivamente em uma – que, por sinal, é detestada pelo próprio presidente há muito tempo: a nossa.
O Distrito Federal, no entanto, nos deu em voz alta a decepção do brasileiro: elegeu Damares Alves, que comandou a pasta (que não destinou dinheiro corretamente) como senadora pela unidade da federação. Igual o Paraná com Sérgio Moro, né, mas daí é outra história.
Só que o que eu quero mesmo, depois de apresentar um pouco do cenário nacional para nossas pessoas, perguntar: interessa a quem obstruir o caminho da nossa vida pela segurança da mesma?
A gente nunca vai parar de matar travestis e transsexuais nas ruas aos 35 anos, ou expulsá-las da escola direto para a sobrevivência? Vamos naturalizar enfrentar, em rede nacional, a disputa desmoralizante que é um ex-governador ser motivo de chacota feita pelo adversário? Eduardo Leite e Onyx Lorenzoni travaram uma batalha moral. Há, também, detalhes em Eduardo que também são histórias para depois.
Foi pelo Guilherme Amado que fiquei sabendo dessa balbúrdia. Pois isso sim é rir da cara da população e promover balbúrdia, discórdia e uma série de instabilidades só para tentar se equilibrar no foro privilegiado.
Domingo está chegando, e eu sei que provavelmente todos nós estejamos recheados da superinformação que é estar informado no Brasil causa, mas se você chegou até o final deste texto, e acha interessante o que eu produzo, peço que esteja pensando, além de melhorias para si, como cidadão ou cidadã, também em melhores rumos para o coletivo.
Tínhamos presenciado, desde 2004, uma evolução (mesmo que a passos lentos) dos direitos garantidos pelo Estado para a nossa comunidade. Presenciar o desmonte de tudo isso é angustiante. Se lá em 2004, vemos a criação do Programa Brasil Sem Homofobia (num país fundamentalista e continental), neste ano, vemos a verba pública, destinada para nós, não ser utilizada.
Alguém não quis usar o dinheiro destinado a nosso favor para nos proteger.
Quem foi e por quê?
Foto: Getty Images
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