LiteraturaPost: Vamos conhecer uma autora conterrânea?

Hoje vamos conversar com Franciele Macedo, autora que mora em Maringá e que já publicou diversos livros.

  • Olá, leitores! Como sempre, nossa conversa acontece às terças-feiras. Hoje vamos conversar com Franciele Macedo, autora que mora em Maringá e que já publicou diversos livros. Sintam-se conosco nesta conversa calorosa, e pegue sua bebida favorita!

    Fran, seja muito bem-vinda ao LiteraturaPost. Poderia se apresentar aos leitores da coluna?

             Me chamo Franciele Macedo. Moro em Maringá há 2 anos e 8 meses. Já me considero maringaense (rs). Eu sou apaixonada por essa cidade. Possuo formação em Moda (UEM) e em Letras (Unicesumar).

             Além de ser escritora, também sou professora. Trabalho na alfabetização de crianças.

    Conte para nós sua trajetória como escritora. Como surgiu o desejo de escrever.

             Vou voltar um pouco no tempo para responder a essa pergunta.

             Aos 24 anos, passei por um momento sombrio e depressivo em minha vida, em que tudo o que eu acreditava ruiu. Meu mundo simplesmente desmoronou. Precisei me reinventar e embarcar em um processo de autoconhecimento. Li muitos livros espirituais e de autoajuda na época.

             Nesse processo, busquei descobrir o que realmente amava fazer e qual era meu dom.  Na época, eu escrevia apenas por hobby ou, talvez, como um processo terapêutico.  Minha irmã mais nova lia minhas histórias e sempre se encantava. Ela falava para mim o quanto as histórias eram legais, mas eu não acreditava.

             Foi então que percebi o que nunca tinha percebido: um dos meus maiores talentos era a escrita. A ideia foi amadurecendo e decidi iniciar uma carreira profissional como escritora. Em novembro de 2012, comecei a escrever meu primeiro livro (Láquesis).

    Eu consigo perceber que seus livros têm mensagem fortes, como preservação e valorização da cultura nacional. O que despertou em você esse sentimento?

             Acho que esse sentimento foi amadurecendo aos poucos em meu interior, ao passo que avançava no meu processo de autoconhecimento.

             Num mundo globalizado é inevitável que tenhamos contato com outras culturas e costumes. Não há problema nenhum em admirar a cultura de outros países. O problema é quando não valorizamos o que é nosso em detrimento do que é alheio.

    Você já foi para a Amazônia. O que essa viagem influenciou em sua literatura?

             A inspiração é algo que não controlamos. Em fevereiro de 2015, comecei a escrever meu segundo romance (Operação Amazônia). A história fluiu e, sem que eu percebesse, fui conduzida para ambientar a história na Floresta Amazônica.

             Como a viagem era um investimento alto, me contentei em assistir a vários documentários e ler reportagens sobre o assunto. Depois de dez meses de trabalho, percebi que não estava conseguindo passar para o leitor como era a experiência de realmente estar na Amazônia. Foi então que decidi viajar até lá, custasse o que custasse.

             Em abril de 2016, meus pés tocaram aquele solo que para mim passou a ser sagrado. Visitei a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Foi uma experiência marcante e um divisor de águas em minha carreira.

             Primeiro precisei vencer meus medos. Não sou uma pessoa corajosa. Ainda que meu racional dissesse que eu não corria perigo, ficar em uma pousada flutuante cercada de jacarés, peixes-elétricos e piranhas foi um verdadeiro desafio. Navegar num rio vasto em pequenas canoas, sem saber nadar, foi dar frio na barriga.

             Mas esses receios simplesmente evaporaram quando eu via a beleza e a magnitude da floresta. Não sei explicar. É como se algo dentro de mim se conectasse à Amazônia, gerando um amor imenso e um sentimento de gratidão profundo por termos aquela dádiva.

             Minha experiência na Amazônia foi além do que eu esperava. Quando retornei, o livro que estava praticamente escrito, precisou ser totalmente reescrito. Ouvir e falar sobre a Amazônia foi uma coisa. Tocar aquele solo foi completamente diferente e era essa experiência que eu queria passar para o leitor.

    Você escreve vários gêneros literários e para públicos diferentes também. Existe algo em comum para todas suas obras? 

             Quando comecei a escrever, eu queria escrever estórias de entretenimento, mas que passassem uma mensagem de esperança e superação para o leitor. Não pensei em adentrar pela temática de educação ambiental. Foi algo que aconteceu.

             Como comentei na resposta anterior, a viagem até a Amazônia impactou minha carreira de uma forma que eu não esperava. Despertou minha consciência para os problemas socioambientais que nossa sociedade enfrenta.

             Em 2017, quando estava lançando a “Operação Amazônia”, o presidente Temer decidiu abrir a Reserva Renca para exploração de minérios. Lembro que fiquei muito indignada. Meu terceiro Livro “Sob os Pés Dourados”, é fruto dessa indignação.

             No livro, eu criei um conflito entre a tribo Waiãpi e garimpeiros. Curiosamente, a Biblioteca Nacional registrou o livro em 26 de junho de 2019. No final de julho, o corpo do cacique Waiãpi foi encontrado sem vida, vítima de conflitos com garimpeiros.

    6)Suas obras têm mensagens poderosas. Você acredita que a literatura é uma ferramenta para mudar o mundo?

    A literatura, assim como a música e a pintura, tem esse poder de encantar e sensibilizar as pessoas.  Eu acredito que a literatura pode ser esse instrumento que sensibiliza as pessoas para a criação de um mundo melhor.

    7) Pode nos contar um pouco dos seus livros?

    “Láquesis” (2016) é um romance cativante e cheio de simplicidade, ambientado em Cianorte. Marcelo precisa desvendar um mistério na casa que comprou.

    “Eros” (2021) é a sequência de Láquesis. Um romance solicitado pelos leitores de Láquesis, que gostariam de saber o que aconteceu com os personagens.

    “Operação Amazônia” (2017) – Um romance cheio de adrenalina. Estudantes de medicina da UEM viajam até a Amazônia para resgatar a cura do câncer.

    “Sob os Pés Dourados” (2019) – Uma bióloga e um garimpeiro se conhecem na Amazônia, durante o impasse da abertura da Reserva Renca para exploração.

    “Encontro com o Rei” (2020) – Um conto gospel de Natal – Giovani é levado para uma terra fantástica, em uma incrível jornada espiritual.

    8) Você acredita que ser um autor da região de Maringá influencia e inspira leitores e novos autores? Conte algum acontecimento marcante nesse âmbito.

    Muitas pessoas veem o autor como aquele ser distante. Algumas parecem surpresas quando digo que sou escritora. Não é uma profissão comum. Na verdade, muitos nem enxergam como profissão no Brasil.

    Quanto a inspirar novos autores, isso acontece muito. De vez em quando encontro alguém que tem uma ideia na gaveta, mas não sabe como publicá-la. Mas, o mais interessante é quando o leitor inspira o autor.

    Há algo que nunca vou esquecer. Os leitores geralmente me enviavam mensagens comentando que Láquesis devia ter continuação. Eu sempre desconversava porque, para mim, Láquesis era aquela história e acabou. Não tinha porque continuá-la.

    Em 2019, eu estava saindo de uma Feira Literária em Cianorte quando uma moça me parou e perguntou se eu era a autora de Láquesis. Ela falou com tanta emoção do livro e falou com tanto entusiasmo que o livro merecia uma continuação, que fui convencida. Escrevi um segundo livro, e agora estou escrevendo o terceiro. Pasmem! Graças aos leitores, Láquesis virou uma série.

    9)Onde os leitores  podem te encontrar?

    Podem me seguir no Instagram @francielemacedo.escritora.

    Onde podemos adquirir suas obras?

    Todas as obras estão disponíveis na versão e-book no seguinte link:

    https://www.amazon.com.br/s?k=Franciele+macedo

    Por enquanto, apenas Láquesis e Operação Amazônia estão disponíveis na versão impressa. Podem ser encontrados nas Livrarias Curitiba do Shopping Maringá Park.

    10) Conte para nós as novidades que estão chegando!

    No momento, estou trabalhando em dois projetos: “Cidade de Sarrab” e “Cronos”.

    “Cidade de Sarrab” é um livro de ficção voltado para o público infantojuvenil. Tem previsão de lançamento para este ano. É um projeto que estou muito animada. Tem como pano de fundo as questões ambientais, mudanças climáticas e Amazônia.

    “Cronos” é o último livro da série “Láquesis”. A previsão de lançamento é para 2023.

    11) Muito obrigada por sua participação, Fran! Espero que tenha gostado de participar do Literatura post! 

    Deixe um recado para os leitores.

    Eu agradeço imensamente pelo convite, Josi. Foi uma honra participar dessa entrevista. Também sou grata aos meus leitores, por todo o suporte e carinho que recebo. Obrigada por acreditarem em meu trabalho. Espero que minhas obras estejam tocando suas vidas de uma forma positiva. Amo vocês!

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