Ao procurar a palavra egoísmo no dicionário, me deparo com duas definições:
- amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem.
- exclusivismo que leva uma pessoa a se tomar como referência a tudo; orgulho, presunção.
Desde pequenos somos ensinados que ser egoísta é ruim, que devemos dividir os nossos brinquedos e que devemos sempre estar prontos para ajudar as outras pessoas e até mesmo colocar as vontades de outras pessoas acima das nossas. A sociedade, nossos pais e professores nos dizem que sermos egoístas é feio e outras coisas pejorativas.
Ouvindo este discurso desde criança, é fácil nos tornarmos uma pessoa passiva, que sempre pensa nos outros antes de si mesma, que deixa de cuidar de si para cuidar dos outros, muitas vezes a figura da nossa mãe nos ensina que devemos ser altruístas a todo custo, porque ela própria abriu mão do seu egoísmo para cuidar dos filhos.
Então, você chega ao mercado de trabalho com essa filosofia, munido de altruísmo, tenta se colocar no lugar dos seus colegas de trabalho, coloca as vontades deles acima da sua, não consegue se expressar e nem expor as suas opiniões em uma reunião com o seu líder, por achar que será egoísta da sua parte. Ou ainda você se torna um empreendedor e não consegue ter sucesso com o seu empreendimento por deixar as suas vontades de lado e “agradar” os outros.
O resultado final? Você acaba sobrecarregado de trabalho porque todos te veem como a pessoa boazinha, o amigo que “quebra galho”, o altruísta e gentil que quer ajudar todo mundo e que acaba não pensando na própria carreira, no próprio negócio, nos próprios interesses.
Você sabe onde você quer chegar? Você sabe o que deseja conquistar durante a sua vida? Você já tem um plano de ação e/ou de carreira para si mesmo, para a sua empresa?
O mercado de trabalho não é gentil, o mundo corporativo não é gentil. Por mais que tentemos criar em nossas empresas uma rede segura de apoio, sabemos que o mercado de trabalho não se importa de verdade com como estamos nos sentindo em determinado dia, o mercado de trabalho não é altruísta conosco, ele cobra o nosso melhor todos os dias e não podemos estar ocupados e focados em outras carreiras que não sejam as nossas.
Ao contrário do que aprendemos durante toda a nossa vida, o egoísmo pode sim se tornar uma virtude: o egoísmo virtuoso. Pode parecer impossível ser uma virtude e focar em seus próprios interesses, mas acredite, ele existe!
Além disso, existe um código moral explícito para o egoísmo virtuoso, a criadora é Ayn Rand, uma filósofa russo-americana que fundou a escola do Objetivismo baseada na razão e no individualismo, que eu particularmente admiro profundamente.
O egoísmo virtuoso foca em realizar seus objetivos de longo prazo, visando o seu bem-estar e felicidade, sem atacar ou causar danos a outras pessoas durante uma busca “implacável” de seus objetivos.
As sete virtudes egoístas, defendidas por Rand, são:
1 – A racionalidade: o reconhecimento e aceitação da razão como sua única fonte de conhecimento, seu único juízo de valores e seu único guia de ação.
2 – A independência: aceitação da responsabilidade de formar seus próprios julgamentos e de viver pelo trabalho de sua própria mente.
3 – A integridade: nunca sacrificar suas convicções às opiniões ou desejos de outros.
4 – A honestidade: nunca deve tentar falsear a realidade de qualquer forma.
5 – A justiça: nunca deve procurar ou conceder o que não obteve ou mereceu, seja em matéria ou em espírito.
6 – A produtividade: reconhecimento do fato de que o trabalho produtivo é o processo pelo qual a mente humana sustenta a sua vida, o processo que liberta o homem da necessidade de ajustar-se ao seu ambiente
7 – O orgulho: um indivíduo deve conquistar o direito de considerar a si próprio como seu valor mais elevado por meio da realização de sua própria perfeição moral, que é conquistada ao, jamais, aceitar códigos de virtudes irracionais impossíveis de praticar e nunca deixando de praticar as virtudes reconhecidamente racionais.
O egoísmo virtuoso no mercado de trabalho é priorizar primeiro o mais importante: você, para depois ajudar o outro. Quando estamos bem, estruturados, com a produtividade em dia, é mais fácil ajudar o outro que realmente precisa da nossa ajuda e não deixar que as pessoas se aproveitem de nós por sermos ingênuos e altruístas.
Isso se aplica em todas as áreas, desde empreendedores, empresários, colaboradores, investidores, entre outros.
Praticar o egoísmo virtuoso, dia a dia, é o caminho para o bem-estar, a felicidade, a realização pessoal, sem violar os direitos dos outros.
Imagem: Freepik / Foto criada por @ijeab
Comentários estão fechados.