Embora roncar durante o sono seja algo normal e que, muitas vezes, pode ser resolvido apenas com uma simples mudança de posição, o ronco é um sinal de alerta para anormalidades no sono. Normalmente, roncar sinaliza disfunções relacionadas à obesidade (uma das principais causas desse problema), hipertensão e problemas cardiovasculares.
Existe uma relação direta entre o ronco e o desenvolvimento de doenças cardíacas. Uma pesquisa realizada pela universidade John Hopkins — situada em Baltimore, Maryland, Estados Unidos —, identificou que pessoas que roncam em um volume muito alto, estão mais propensas a apresentarem problemas cardiovasculares graves. Uma outra pesquisa, realizada pela universidade norte-americana de Detroit, revelou que indivíduos que roncam com frequência estão mais propensos a desenvolverem um espessamento da artéria carótida, responsável por fornecer sangue rico em oxigênio para o cérebro.
Outra consequência cardiovascular relacionada ao ronco está diretamente ligada a apneia obstrutiva do sono, uma condição onde ocorre a diminuição ou interrupção total da respiração durante o sono. Devido a falta de oxigênio, o corpo libera adrenalina para despertar o indivíduo e fazê-lo respirar. No entanto, esse processo aumenta a pressão arterial, fazendo o coração disparar e dessa forma, existe uma relação de causa e efeito entre a apneia e hipertensão. A queda de oxigênio decorrente da apneia aumenta a quantidade de gás carbônico no organismo, bem como a pressão intratorácica negativa, o que pode afetar a regulação da pressão arterial.
Os principais sinais de ronco acompanhado de apneia são: concentração de gordura no abdômen e sonolência em excesso durante o dia, mas, infelizmente, quem possui ronco persistente ou tem paradas respiratórias durante o sono, acaba — na maioria dos casos — não percebendo o problema por conta própria. Por isso, é extremamente importante que um familiar ou um cônjuge observem bem o “roncador” e se há pausas repetidas na respiração durante o sono.
Ao notar o problema, o ideal é buscar ajuda médica para realizar um check-up cardíaco e dar início ao tratamento mais adequado. O diagnóstico do problema pode ser feito através de um exame de polissonografia, no qual o paciente será monitorado por um aparelho que registra sua pressão arterial, frequência cardíaca, oxigenação, movimentação dos membros e episódios de apneia durante o sono.
Foto: Freepik / Imagem criada por rawpixel.com
Dr. Marcelo Aguilar Puzzi
Cardiologista e Hemodinamicista
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