Em muitas religiões, a morte não representa o fim da vida e, na ciência, nem sempre a definição desse conceito representa o fim de todas as funções corporais.
Esse é o intrigante caso dos cadáveres com corações pulsantes: indivíduos cujo cérebro não apresenta mais atividades, mas que possuem suas funções corporais preservadas. Alguns cadáveres podem, por exemplo, sofrer ataques cardíacos, ter febre, corar e suar por semanas, mesmo após a morte cerebral ser declarada.
Casos de cadáveres com batimentos cardíacos não devem, em hipótese alguma, ser confundidos com os de pacientes inconscientes, que estão em coma ou em estado vegetativo, já que os pacientes em coma ainda exibem atividade cerebral e os pacientes em estado vegetativo, mesmo que não apresentem nenhum pensamento consciente, também não estão mortos.
Após a descoberta desse fenômeno, a ciência precisou modificar por completo o conceito de morte clínica, que implicava apenas em uma pessoa cujo coração não batesse por pelo menos dois minutos. No entanto, hoje sabemos que mesmo após a morte, o coração pode continuar a bater.
Portanto, atualmente entendemos que morrer não é um ato único e consiste no encerramento de um conjunto de processos: morte cerebral, falta de batimentos cardíacos, perda da capacidade de produzir pensamentos conscientes, entre outros critérios. Escolher qual destes critérios representa a morte definitiva, torna-se então uma questão ética, filosófica e também religiosa, a qual não possui uma resposta simples.
Foto: Canva
Dr. Marcelo Aguilar Puzzi
Cardiologista e Hemodinamicista
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