Técnica narrativa: narrador não confiável

Será que todo narrador fala a verdade? No LiteraturaPost de hoje, vamos desbravar esse campo minado que é o narrador não confiável.

  • O narrador, aquele que nos leva pelas páginas da narrativa, normalmente está acima de qualquer suspeita: ou estamos imersos em seus pensamentos, ou a partir de sua onipresença e onisciência temos informações preciosas sobre a narrativa que nem os personagens têm.

    Mas, leitor, será que todo narrador é confiável?

    Bom pegue seu chá, café ou a bebida de sua preferência e vamos desbravar esse campo minado que é o Narrador não confiável.

    Em artigos anteriores aqui do Literatura Post conversamos sobre o narrador ser escolhido pela própria história, se você quiser conferir depois, clique aqui.

    Mas, o que seria um narrador não confiável, leitor?

    Quando te pergunto: “Bentinho matou ou não matou Capitu?” Abro precedentes para discussões sobre caráter, machismo e também de sanidade mental.  Bentinho, além de controlador, parecia que não estava muito bem de sua sanidade mental, por muitas vezes os fatos que narrava não condizem com a visão dos outros personagens sobre os fatos.

    Outro exemplo de narrador não confiável em literatura:

    •       Garota Exemplar, de Gillian Flynn

    •       As Aventuras de Pi, de Yann Martel

    No cinema, temos alguns exemplos também:

    •       O Clube da Luta

    •       Forrest Gump

    Algumas características deste estilo de narração:

    •       o narrador contradiz a si mesmo, há lacunas na memória e mente para outros personagens.
    •       o narrador contradiz o conhecimento de mundo de leitor ou narra coisas impossíveis, dentro de certo padrão lógico da narrativa.
    •       conhecimento de mundo do leitor, sua capacidade de fazer correspondências (reconhecer personagens famosos e que sempre povoam de maneira recorrente o universo ficcional) e o seu conhecimento sobre os gêneros literários com suas formatações próprias e seus estilos únicos.

    Assim, um narrador não confiável (seja em literatura, filme, ou teatro)  é aquele cuja credibilidade está seriamente comprometida,  duvidamos assim da sua  honestidade ou da sanidade. O termo foi cunhado em 1961 por Wayne C. Booth no tratado The Rhetoric of Fiction.

    E agora, leitor, você continuará confiando no narrador?  Tenho certeza que você ficará com um pé atrás, quando as informações parecerem… incongruentes.

    Se você quiser continuar esse papo, escreva sua opinião nos comentários.

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     @autora_ josi_ guerreiro

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