O Salmo 19 destaca, com beleza invulgar, a poderosa voz de Deus, procedente da criação e oriunda das Escrituras. A primeira revelação de Deus é dirigida aos olhos e a segunda aos ouvidos. A criação, sem qualquer discurso, enaltece o poder de Deus e as Escrituras, com sua voz eloquente, exaltam a sua graça. Nos versículos 7 a 9, Davi menciona seis predicados das Escrituras, a Palavra de Deus.
Em primeiro lugar, a Palavra de Deus é perfeita (Sl 19.7). Ela é perfeita porque não contém erro nem contradição. É inspirada, inerrante, infalível e suficiente. Porque procede de Deus, ela não pode falhar. Mesmo sendo alvo de perseguição atroz, mesmo sendo lançada tantas vezes nas fogueiras da intolerância, mesmo sendo alvo de ataques tão ácidos, a Palavra de Deus permanece irrefutável, fazendo sua marcha sobranceira e vitoriosa.
Em segundo lugar, a Palavra de Deus é fiel (19.7). A Palavra de Deus é fiel em seus registros, em sua natureza e em seu propósito. É fiel quando fala de Deus, de seus atributos e de suas obras. É fiel quando fala do homem, sua criação, queda e redenção. É fiel quando trata do plano eterno de Deus, que nos escolheu em Cristo, antes dos tempos eternos, para vivermos em santidade. É fiel quando fala da consumação de todas as coisas, quando Cristo colocará todos os seus inimigos debaixo de seus pés e reinará vitoriosamente com sua igreja, pelos séculos sem fim.
Em terceiro lugar, a Palavra de Deus é reta (19.8). A Palavra de Deus é reta quando fala da onipotência de Deus e da fraqueza humana. Ela é reta quando retrata a majestade de Deus e a fragilidade dos impérios humanos. Ela é reta no sentido de não ter dois pesos e duas medidas, quando fala do povo de Deus, pois registra tanto nossas virtudes como nossos pecados. A Palavra de Deus não faz contornos para agradar aos homens nem contemporiza a verdade para tornar-se mais palatável aos pecadores.
Em quarto lugar, a Palavra de Deus é pura (19.8,9). A Palavra de Deus é pura porque não há nela nenhum vestígio de impureza doutrinária ou moral. Ela é pura e purifica. É límpida e lava. É santa e santifica. Quando a examinamos, ela nos perscruta. Quando contemplamos a nós mesmos em seu espelho, não apenas vemos nossas máculas, mas, também, somos por ela restaurados.
Em quinto lugar, a Palavra de Deus é verdadeira (19.9). A Palavra de Deus é a verdade. Seu conteúdo é inerrante. Suas profecias são infalíveis. Sua mensagem é digna de inteira confiança. Mesmo sofrendo, na dobra dos séculos, os mais perversos ataques, oriundos dos mais variados inimigos, ela tem saído ilesa de todas essas investidas. É impossível derrotá-la ou mesmo deter sua marcha resoluta. Ninguém pode laborar contra a verdade, senão pela verdade.
Em sexto lugar, a Palavra de Deus é justa (19.9). A Palavra de Deus é justa quando trata, com irretocável equidade, acerca da dignidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus e quando trata da ruína total do homem, depois de sua queda. É justa quando aborda o imensurável amor de Deus e, também, quando descreve sua ira santa. É justa quando fala da vida eterna como oferta da graça divina e quando declara a condenação eterna como justo salário do pecado.
A Palavra de Deus é viva e poderosa. É melhor do que muito ouro depurado e mais doce do que o mel e o destilar dos favos. Por ela nascemos, crescemos e somos santificados.
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