Retornar ou não? Eis a questão… Como liderar no trabalho presencial pós-pandemia

No período de pandemia, muitas pessoas tiveram que se acostumar ao trabalho remoto. Mas o que fazer quando é hora de voltar ao trabalho presencial?

  • No período de pandemia, muitas pessoas tiveram que se acostumar ao trabalho remoto. Mas o que fazer quando é hora de voltar ao trabalho presencial?
    Imagem: Freepik / Foto criada por @DCStudio

    A pandemia obrigou empresas e funcionários a se adaptarem com o trabalho remoto sem que estivessem realmente preparados para isso. Agora, sem as várias restrições que vivemos nos últimos dois anos, empresas do mundo todo estão voltando para o escritório, com muitos colaboradores relutantes com essa decisão. Ao se deparar com esse cenário é possível liderar efetivamente no trabalho presencial pós-pandemia?

    Muitos foram os benefícios que o trabalho remoto trouxe durante a pandemia, mas, infelizmente, ele nos privou do mais importante: interações humanizadas e eficazes com o seu time de trabalho, com seus colegas de equipe e com todas as pessoas no geral que trabalham no escritório.

    Retornar ao presencial ou não? Eis a questão… A verdade que muitas pessoas não estão preparadas para ouvir é que nem todo colaborador tem o perfil adequado para trabalhar de casa: apesar do conforto, muitos rendem menos e acabam isolados na comunicação com o seu time de trabalho enquanto outros extrapolam as suas horas de trabalho e levam o trabalho o tempo todo consigo, gerando um grande estresse tanto para o funcionário que não se sente parte da empresa ou fica sobrecarregado, quanto para os líderes que veem a produtividade decair e não conseguem ajudar efetivamente aquele colaborador.

    Quando me perguntam se eu sou a favor ou contra o retorno das empresas para o sistema presencial, a minha resposta vai além: sou a favor da criação de um local de trabalho confortável, saudável e convidativo que gera o desejo de estar lá.

    Leigh Thompson, em seu livro Conspiração Criativa, define algumas regras orientadoras para definir espaços “comuns” e espaços “cavernas”, uma ideia muito interessante para aplicar agora no retorno presencial das equipes de trabalho.

    A abordagem de design organizacional consiste em espaços comuns – aqueles em que os colaboradores se unem com agilidade para o trabalho em equipe, seja em mesas compartilhadas ou espaços específicos para cada setor – e os espaços cavernas – aqueles em que as pessoas possam trabalhar individualmente, longe de possíveis distrações – esses dois espaços são essenciais para criar escritórios convidativos e que atendem a todas as necessidades.

    Particularmente, não sou contra o trabalho remoto, é interessante oferecer flexibilidade para as pessoas e analisar cada caso individualmente, entretanto sou a favor de otimizar o desempenho de todos na empresa, além de otimizar e encontrar soluções rápidas para quaisquer desafios que as equipes enfrentam, o que muitas vezes só pode ser realizado presencialmente.

    Nenhum emprego deve ser tratado como prisão por seus colaboradores, por isso defendo a abordagem “comum e caverna”, ao mesmo tempo que as pessoas possuem o poder de escolha, sabemos que ali teremos pessoas realmente comprometidas, as melhores pessoas, todas no mesmo lugar e ao mesmo tempo ajudando a transformar a empresa e a si próprios.

    Acima de tudo, acredito que os colaboradores estão em determinada empresa para potencializar o seu desenvolvimento humano e profissional, e neste ambiente é necessário consolidar o sentimento de pertencimento, utilidade e realização, sendo assim é essencial desenvolver um espaço, uma cultura e um clima organizacional que valorize as pessoas e crie um senso de pertencimento.

    O papel do líder, nesse momento de pós-pandemia, é cada vez mais manter a empatia e garra na liderança. Você pode realizar uma pesquisa com seus colaboradores sobre o que eles acham do retorno ao presencial e se a grande maioria for contra, explique as razões pelas quais a empresa optará pelo retorno ao presencial.

    Incentive o trabalho em equipe e a troca de experiências entre as pessoas, esses dois anos nos isolou e nos acostumou a fazer quase tudo sozinhos, imagine um time de basquete: se cada jogador treina em sua casa, você acredita que na hora do jogo efetivo todos apresentarão os mesmos resultados? As jogadas em grupo serão efetivas? Provavelmente, eles não estão preparados para o trabalho em equipe…

    Em uma organização o trabalho em equipe deve sempre vir em primeiro lugar e agora nós temos a chance de retomar o contato face a face com nossos colegas de trabalho, enriquecendo mais ainda a nossa experiência. Por que não aproveitar a oportunidade?

    Se for possível aplique a estratégia espaço comum e caverna em sua empresa e dê a liberdade para as pessoas trabalharem em um espaço com o time, compartilhando experiências e vivências e enriquecendo os resultados do trabalho, mas também dando a possibilidade de ter um espaço mais quieto em que o colaborador pode focar em seu processo criativo.

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