Olá, leitores do MaringáPost. Como vocês estão?
Bom, com essa coluna eu tento desmistificar o processo de ser um escritor e publicar um livro, assim como as técnicas que envolvem todo esse caminho.
Já pegou seu café ou chá para nosso bate-papo?
Muitos pensam que escritores são seres solitários, que podem apenas contar com sua imaginação e criatividade para escrever um livro. Há sim, momentos em que o escritor se vê sozinho com seus pensamentos, como na hora de criar seus personagens, decidir para qual caminho a história segue, o que vai acontecer com seus personagens durante a história e qual a lição quer passar com sua narrativa.
Porém na atualidade é possível contar com diversos profissionais do mercado literário, sejam eles leitores críticos, leitores betas, leitores sensíveis, com o profissional da correção ortográfica e do copidesque, capita, diagramador. Tudo isso para que o livro chegue em sua melhor versão para você, leitor!
E hoje vamos conhecer um profissional do meio literário! Conheçam a Mag Brusarosco, ela é professora de técnicas literárias, narratologia, leitora crítica e publisher na Insight editorial. Vamos conhecer um pouco mais deste processo e de como a literatura mudou nestes últimos anos?
1) Olá, Mag! Seja bem-vinda ao LiteraturaPost. Obrigada por aceitar o convite para falar aos nossos leitores um pouco mais do processo editorial.
Poderia nos contar um pouco mais sobre você e seu trabalho?
R: Claro! Trabalho com estruturação e desenvolvimento de obras literárias há mais de 7 anos e me orgulho em dizer que já contribuí para o desenvolvimento de mais de 400 obras e 29 livros publicados entre 2020 e 2021, com autores que se classificaram em concursos e tiveram os seus livros premiados.
No final de 2021, abri a minha própria editora, a Insight Editorial, e continuo atuando como Consultora de Narratologia, além de Head Writer, nas salas Wolfpack da Hardcover — The Storytelling Academy.
Também sou escritora, roteirista, publicitária, editora e pós-graduanda em Neurociência Comportamental pela PUC/RS.
2)Mag, quando você decidiu compartilhar seus conhecimentos aos autores? O que te levou à isso?
R: O que me levou… bem, estamos falando de algo que ocorreu há pelo menos 15 anos. Eu sempre achei que havia algum segredo de escrita que os autores de Best Seller sabiam que nós autores iniciantes não sabíamos, que a inspiração tinha outro nome para quem vendia muitos livros. Comentei com meus professores de escrita criativa na época, mas só ouvia que escritor tinha dom e pronto, não havia como melhorar isso. No começo fiquei bem abatida, porque minhas histórias eram comentadas, agradavam os leitores, mas não eram aceitas por editoras.
Como as informações (Dom & Conhecimento) não batiam, me recusei a aceitar e fui estudar em outros lugares e de outra forma. Mesmo sem ter certeza sobre o que estava fazendo passei a “analisar/comparar” livros de sucesso com outros do mesmo gênero que não havia chamado tanta atenção e com o tempo percebi padrões que no futuro entendi que eram técnicas narrativas e que sim, há muita inspiração em autores Best Seller, mas que eles dominam completamente as técnicas e isso faz diferença na construção de suas histórias. Um autor Best Seller tem tudo tecnicamente programado para sua história, nada do que ele escreve é por acaso. Isso os torna reconhecidos em seus gêneros.
Estar empenhada em aprender me levou ao André Vianco e recebi um convite para trabalharmos juntos em alguns projetos, nessa época o que faltava para entender como escrever histórias que conquistam leitores, editoras e vendem exemplares atingiu seu ápice, pois ele me indicou novos caminhos para estudar apontando o que eu tinha que conhecer e executávamos esses conhecimentos na prática a cada novo projeto.
Pra mim conhecimento só faz sentido quando você o aplica e quando passa adiante, então coloquei isso em prática, o tempo do autor é precioso e quando ele entende como trabalhar suas histórias ganha tempo na construção da carreira e atinge reconhecimento no gênero. Sei que esse método funciona porque vejo isso com meus alunos e suas histórias premiadas.
3)Você acha que o mercado literário pode ser cruel com autores iniciantes?
R: A falta de experiência e o sonho “hollywoodiano” de ser escritor atrapalha bastante. O autor demora a entender que ser escritor é ter uma carreira como outra qualquer que demanda tempo, investimento e principalmente conhecimento.
4) Qual a diferença entre um autor iniciante e um autor estreante?
R: Muitos escritores iniciantes vivem o sonho de ser descoberto como o novo “best seller fulano de tal”, ficam esperando que o mundo o veja. Porém o autor estreante, transformou sua inspiração em carreira e a vê dessa forma, se preparou para esse momento analisando cada ponto, criando estratégias desde a escrita do original, por isso o resultado é diferente, com muito mais sucesso.
5) O livro está pronto quando você termina a primeira versão, e escreve FIM na última linha?
R: É maravilhoso escrever FIM na última página, mesmo nenhum livro tendo esse indicativo, porém quando terminamos, temos em mãos o 1. rascunho. Ele será a base para as versões de revisão, até o autor chegar à versão final que será lançada. Entre um e outro o escritor pode incluir as análises feitas por leitores betas e profissionais da área. É muito importante o autor analisar o progresso de uma escrita para a versão publicada porque é notável a mudança, depois desse processo a história se transforma em uma obra potencializada, mais atrativa ao leitor.
6) Qual a importância de compartilhar seu trabalho com outras pessoas, sejam elas: leitores comuns, outros escritores ou até profissionais para uma leitura crítica?
R: A imaginação é poderosa e quando não está alinhada (autor & leitor) a escrita se perde, o que quero dizer é que muitas vezes o autor imagina estar deixando tudo explicadinho e fazendo sentido, mas a verdade é que a escrita não transmite o potencial da história e isso só é identificado quando passa pela leitura de outras pessoas, principalmente a leitura profissional que além de identificar deve dizer ao escritor como resolver as questões.
Na maioria das vezes aquilo que está claro para o autor é assim porque ele entende todo o contexto na história, porém quem está acompanhando aquela escrita se perde, pois não sabe de alguns detalhes.
Uma história cumpre seu papel quando conversa com o leitor sem a interferência do autor. O faz acreditar que cada acontecimento é real, o faz se envolver, torcer, chorar ou xingar o personagem e acima de tudo desejar saber como aquele conflito será resolvido. Quase como um desafio.
7) Quais são os maiores erros dos autores principiantes?
R: 1) Escrever por escrever, não dando valor ao seu potencial de escrita.
2) Acreditar que inspiração faz todo o trabalho. “quando você não sabe pra onde quer ir, qualquer caminho serve” – isso faz o autor perder muito tempo e tempo é algo que não dá pra recuperar na vida.
3) Não estudar, porque é só se sentar e escrever.
4) Escrever primeiro, depois definir pra quem queria escrever.
5) Assinar contrato com editora sem ler. Principalmente a cláusula de distribuição. Todo autor precisa saber com detalhes como sua obra chegará até seus leitores.
6) Ficar esperando ser descoberto.
7) Não encarar a escrita como carreira, isso o faz investir $$ desastrosamente sem previsão de retorno.
8) Contratar profissionais sem saber ao certo o que o profissional vai fazer em seu livro. Autor imagina uma coisa, quando a proposta de trabalho é outra, não era o que ele precisava, mas também não perguntou, contratou porque ouviu falar que seria bom para o livro. (investimento $$ desastroso)
9) Ficar eternamente lapidando o livro sem deixar que ninguém leia.
8)Por que alguns personagens literários são inesquecíveis e outros não?
R: Porque os inesquecíveis foram criados com base em algumas técnicas narrativas que os tornaram únicos.
Técnicas para criação de personagem:
Use a caracterização e os tornem apaixonantes, trabalhe reiteração de caráter e os grave na memória do leitor, desenvolva a curva dramática que os eternizem.
9)Você acha que ainda existe o preconceito com a literatura nacional? Que a literatura estrangeira é mais polida e bem trabalhada que a nossa?
por que isso acontece? O que precisa ser feito para equipararmos a qualidade?
R: Existe sim. Não porque não sabemos escrever ou não temos histórias interessantes, mas porque muitas vezes o autor nacional passa tempo demais pensando que suas ideias só se enquadram no “escrevo por escrever” enquanto lá fora os autores escrevem visando carreira, entendendo o que precisa para encantar o leitor e estudam desde muito cedo para expressar isso em suas obras.
Para mudar precisamos deixar de lado o sonho de autor “hollywoodiano” que entrega um original ao editor que ao ler chora emocionado. A realidade brasileira é diferente, o escritor precisa estudar muito e sempre e esse conhecimento somado a sua criatividade se transformará em histórias únicas.
10)O que está mudando na literatura nacional? Você também sente uma valorização dos cenários nacionais, da cultura e inclusão de personagens com características nossas e mais plurais?
R: Estamos vivendo um momento diferente com maior interesse dos leitores pelas versões digitais e-book e audiobook, criando novas oportunidades aos autores nacionais. E essa valorização dos cenários nacionais era muito esperado e bem vindo, sobre a caracterização de personagens visando inclusão deve sempre estar na mente do autor, não apenas porque nesse momento os leitores se interessam… para ser sincera acredito que sempre foi de interesse, pensa comigo, a representatividade é tudo para o leitor. Se reconhecer na história gera empatia é o que o leitor mais quer.
11) O leitor mudou a forma de consumir livros?
R: Muitos estudos e pesquisas foram feitas desde que a pandemia teve início e cada vez mais vemos a crescente para o digital e-book e audiobook. Dois anos e meio depois do início da pandemia relatórios indicam que esse interesse não está diminuindo o que significa que essas mídias vieram para ficar.
12) Qual é sua missão como profissional?
R: Criei a Formação da Ideia a Publicação para que escritores entendessem como desenvolver histórias que valem a pena ser lidas e conquistar o mercado, na sequência abri a Insight Editorial para publicar livros nacionais contemporâneos colecionáveis. O que juntas resume a minha missão: Ajudar o escritor nacional a ser reconhecido em seu gênero literário, porque lá atrás, quando questionei meus professores, era isso que eu procurava.
13) Qual conselho você daria para os leitores do LiteraturaPost, que sonham em publicar um livro, mas não sabem por onde começar?
R: Existe 3 pilares na escrita, esses mesmos pilares sustentam o método que criei para Formação da Ideia a Publicação de onde saíram autores premiados e publicações com tiragem esgotada. Esses pilares são: Público, Gênero e Mercado. Estude sobre eles e você terá sucesso.
Como os leitores do Maringá Post podem entrar em contato com você?
https://www.instagram.com/magbrusarosco/
https://www.instagram.com/insighteditorial/
Agradeço demais, Mag, por ter participado do LiteraturaPost.
E você leitor? Sabia de como era esse processo, e das etapas que a história passa antes de finalmente virar um livro?
Deixe nos comentários o que mais te surpreendeu.
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