Oi, aqui é a Josi, e hoje é o dia do nosso encontro semanal no LiteraturaPost.
Já pegou sua bebida favorita?
E a pauta de hoje é um tema de exímia importância: representatividade.
Vocês já devem ter percebido que, cada vez mais as adaptações para o cinema e a literatura está com enfoque na representatividade: seja de gênero, étnica, cultural.
E por que isso é importante?
Para te explicar, temos que lembrar dos filmes, livros, séries de antes dos anos 2000.
Você se recorda como eram os filmes? Como eram os protagonistas?
Nesta época a literatura contemporânea nacional tinha um espaço pequeno, e a que existia emululava o jeito hollywoodiano de contar histórias, e seguia o padrão de beleza europeia mesmo quando os personagens eram brasileiros Algumas das histórias se passavam também no exterior.
Mas, te garanto que essa necessidade de valorizar o nacional não vem de hoje, pois foi o propósito da Semana da Arte moderna de 1922, que neste ano completou 100 anos. Nesta exposição os artistas romper com os padrões artísticos vigentes até então, a influência da arte europeia e buscar um estilo próprio
“Mas, Josi, isso é errado? ” Você me pergunta.
Não te diria que existe certo ou errado, mas que é limitante para o potencial das histórias e o quanto seus leitores conseguem se identificar com os personagens.
Alguns encaram de forma negativa a representatividade, como “feito apenas para lacrar” sem considerar a importância social dela. Mas esse novo olhar e escolhas são para as novas gerações, que estão exigentes com o que compram e consomem, logo para os adultos que cresceram com os estereótipos, as mudanças podem gerar uma estranheza e até uma relutância. Porém esse é um legado para as próximas gerações, onde essa pluralidade será natural e corriqueira.
E com certeza elas se sentirão mais representadas com personagens com sua cor, suas características físicas, sua nacionalidade, sua sexualidade e suas crenças.
No artigo que fiz em minha pós-graduação em Arte Cultura e Educação, a literatura tem um papel importante em adiantar problemas e situações para o leitor vivenciar pelos olhos dos personagens, e assim conseguir solucionar seus próprios problemas em situações futuras. Por exemplo, uma criança que viu o Harry Potter lidar com bullying e parentes tóxicos se torna mais forte ao perceber e vivenciar o personagem dando a volta por cima.
O nome disso é catarse.
É um expurgo dos seus problemas por meio da vivência da arte. Ao se colocar no lugar do personagem , seja na literatura, jogos, cinema, teatro, vivenciar durante aquele momento, empatizar e expurgar aquele sentimento junto ao personagem.
Porém, quanto mais parecido as vivências do personagem com as suas, maior a identificação.
Vou exemplificar para você:
No filme “Agentes do destino”, uma bailarina que deixou de dançar por causa de uma fratura vai se idênticas muito mais com a personagem que alguém que nunca dançou ballet.
Outra situação: um filme de terror onde crianças estão em perigo surtirá muito mais em mães e crianças, que em um adulto sem filhos, pois o instinto de proteção será mais forte nelas, pois pensam nos próprios filhos e as crianças se colocam no lugar dos personagens.
Por isso os clássicos precisam de contextualização para serem fruídos, ou apenas serão lidos sem que haja identificação com os alunos, devido a linguagem difícil, à fatia de vida dos personagens serem diferente dos estudantes e por se passar em uma época distinta da nossa
Agora imagina o nível de identificação poderoso que pode ocorrer quando os personagens se parecem com você, caminha por suas que você conhece?
Por isso, em meu segundo livro, me dediquei bastante na criação dos personagens, para que mais leitores se identificassem com os personagens. Como professora, minha intenção era que meus alunos se enxergassem nos personagens, se identificassem nos conflitos e até conseguissem soluções para seus próprios problemas com a ajuda dos personagens.
E o fato da história se passa em Maringá, na UEM, onde uma conspiração científica disfarçada de grupo de estudo assola calouros de medicina, torna a experiência única ouvir sobre os lugares de Maringá com os olhos dos personagens. Eles poderiam caminhar ao seu lado, tomar um caldo de cana e comer um pastel no Willie Davis contigo.
Você encontra o Projeto Escher aqui:
https://www.livrariafantasticadoborges.com.br/projeto-escher-os-caminhantes-dos-sonhos
Quando escrevemos de países de fora, existe o encantamento de conhecer novos lugares.
Mas ler e identificar as ruas que estão descritas no livro, faz você sentir parte da história. Você poderia esbarrar em algum dos personagens ao atravessar a rua, sentar ao lado deles no banco da cidade.
Isso é identificação.
Por isso a representatividade é tão importante.
Te convido a deixar um comentário se você curtiu o artigo, e sugerir novos temas! Até a próxima terça-feira.
Abraços, Josi.
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