Olá, leitor do LiteraturaPost.
Mais uma terça-feira chegou, então, cá estamos para conversar sobre essa arte tão amada: a literatura.
Desde criança amamos contar histórias, sejam elas ficcionais ou verídicas. Narrar acontecimentos está em nosso dia-a-dia desde a fofoca do dia que repassamos até quando tentamos convencer um amigo a maratonar uma série que amamos.
E desta habilidade extraordinária de tornar o cotidiano extraordinário por meio das palavras, os escritores têm de sobra. Mas você sabia que existem diversas formas de se contar a mesma história?
Hoje vou conversar com você sobre um diferencial na narrativa: O narrador.
Narrador é aquele que conta a história, que mostra os fatos para o leitor. Existem diversos tipos de narradores Narrador personagem, não confiável, narrador onisciente e onipresente, narrador observador, narrador personagem. Porém nossa conversa de hoje irá focar nos Narradores em Primeira e em Terceira Pessoa.
Você sabe a diferença entre os dois e por que os escolhemos contar as histórias?
Deixa eu te explicar: primeiramente, não somos nós que escolhemos o narrador, a própria história escolhe.
“Você está doida, Josi? Se o escritor cria a história, ele toma todas as decisões”
Você deve ter pensado isso, e não te julgo (risos). Quando o escritor planeja sua história, temos a ilusão que ele escolhe todos os detalhes, mas há muito que é escolhido ou descartado pensando no que faz sentido para a história.
Cada narrativa pede um tipo de narrador, e depende de como você quer que as informações cheguem para o leitor.
Deixe-me ser mais clara: quando o autor decide escrever em primeira pessoa é mais intimista, você se sente dentro da história e muito próximo ao personagem (por isso decidi escrever a coluna em primeira pessoa.)
Com esta forma de narrar, conseguimos ouvir os pensamentos do narrador, e nos divertir com o quanto ele diverge em suas atitudes e pensamentos. Isso funciona muito bem para romances românticos, mas nada impede de outros gêneros literários também usá-lo. Porém, o contraponto deste tipo de narrador, é que ficamos presos às informações que ele tem conhecimento: ele não pode ter certeza do que os outros personagens estão pensando, por exemplo, ou saber o que ocorre com outro personagem que não está na sua área de visão. Podemos cobrir essas lacunas com outros personagens, contando essas informações ao nosso narrador.
Quando a escolha é um narrador em terceira pessoa, o narrador é onipresente e onisciente que sabe de tudo e observa tudo, fica mais simples de você mostrar situações da narrativa para o leitor sem que os personagens conheçam aquele detalhe.
Vou exemplificar: Imagine um personagem tomando uma bebida envenenada, o narrador nos conta, porém o personagem não tem essa informação, então toma a bebida da mesma forma. Esse tipo de narrador é um artifício muito usado para histórias do gênero Fantasia, principalmente as épicas. O lado negativo deste tipo de narração é que, por não acompanhar os pensamentos do protagonista constantemente, a narração pode ficar distante e um pouco fria.
Entretanto há autores que subvertem isso: G.R.R. Martin em As crônicas de Gelo e fogo, utilizou brilhantemente o narrador em primeira pessoa com múltiplos pontos de vista, onde cada parte da história é contada por personagens diferentes, juntando os pontos de vista (POVs) onde a história inteira se monta na cabeça do leitor através destes fragmentos apresentados pelos personagens.
Não é genial?
Eu usei esse artifício em minha nova ficção científica chamada Projeto Escher (você consegue adquiri-lo clicando AQUI).
Neste livro de ficção científica, os diversos POVs formam um delicioso quebra cabeça narrativo e é incrível para o leitor quando todas as peças da história se encaixam.
Além destes dois estilos de narração, existe um muito interessante: O narrador não confiável. É tão interessante este tipo de narrador, que posso reservar uma terça-feira só para conversarmos sobre ele. O que você acha?
Bom, já deixou anotadinho? Toda terça-feira vamos bater esse papo sobre literatura!
Tem algum tema que gostaria de ver por aqui? Deixa pra mim aqui nos comentários!
E te vejo no próximo artigo daqui do LiteraturaPost.
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