Por Mariane Morisawa, Especial
São Paulo, 18 (AE) – “Nunca. Isso jamais aconteceria.” Essa foi a resposta de Tom Cruise ao ser indagado se, com os atrasos por causa da pandemia, alguém havia sugerido que Top Gun: Maverick, com estreia prevista no Brasil para semana que vem, fosse direto para o streaming, como tantos outros lançamentos recentes. O ator, que está em Cannes para a exibição da produção na noite desta quarta-feira, 18, fora de competição, participou de um encontro com o público um pouco antes. A sala Debussy, a segunda maior do festival, estava lotada.
Mas o que Tom Cruise, o astro dos blockbusters, está fazendo em Cannes? Além de dar um pouco de glamour ao festival, uma montagem de quase 15 minutos com cenas de seus filmes apresentou de forma condensada uma carreira invejável, que não inclui apenas blockbusters como Missão: Impossível como também trabalhos com atores como Paul Newman, Dustin Hoffman e Jack Nicholson e diretores como Stanley Kubrick, Steven Spielberg e Michael Mann.
E em suas falas dá para entender por que ele chegou aonde chegou e por que se mantém lá há mais de 30 anos. “Quando eu tinha 18 anos e fiz O Clarim da Revolta, disse que jamais deixaria de dar valor se tivesse a chance de continuar fazendo isso pelo resto da minha vida”, disse ele. Naquele set, ele começou o que chama de sua educação no cinema. “Eu ia a cada departamento e ficava fazendo perguntas”, contou o ator, cinéfilo desde criança. Também estudou como a indústria funciona. “Eu sempre digo que eu penso no público. E não me preocupo com o fim de semana de abertura apenas, quero que o filme tenha longevidade.”
Para ele, não existe nada como o cinema. “Estamos aqui, todos de países, culturas, línguas diferentes, compartilhando algo”, afirmou. Até hoje, jura que assiste aos filmes no cinema – e não em uma sala particular, em sua casa. “Eu vou de boné, vejo os trailers.” Durante a pandemia, prometeu aos vendedores de pipoca que viria com filmes fortes para ajudar a recuperar a indústria.
Mesmo em seus blockbusters, ele procura trazer algo diferente, original, nem que sejam as cenas de ação malucas que faz questão de realizar. Prestes a completar 60 anos, continua gostando do perigo como quando tinha 4 e pulou do telhado com um lençol servindo de paraquedas. “É perigoso. Mas ninguém pergunta ao Gene Kelly por que ele dança”, disse, rindo. “É melhor criar mesmo que você fracasse do que não fazer”, completou mais adiante. Cruise não pensa em aposentadoria. “Eu sempre estou com a mente no futuro”, afirmou.
Estadão Conteúdo / Foto: divulgação
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