Construção de data center para processamento de I.A em Maringá terá início em setembro, afirma CEO da RT-One

Nesta semana, empresa norte-americana anunciou um empreendimento de mesmo porte para ser instalado em Uberlândia-MG. Em entrevista ao Maringá Post, o CEO da RT-One, Fernando Palamone, explicou que as duas estruturas “se complementam” e afirmou que empresa está na fase final dos licenciamentos para iniciar construção do data center maringaense.

  • Tempo estimado de leitura: 7 minutos

    A RT-One, multinacional do segmento de tecnologia e segurança cibernética, está na fase final de obtenção dos licenciamentos junto ao poder público para iniciar a construção de um data center, focado no processamento de Inteligência Artificial (I.A), em Maringá. E já há uma previsão para o início das obras: setembro de 2025.

    A afirmação é do CEO da empresa, Fernando Palamone, que concedeu entrevista ao Maringá Post nesta sexta-feira (18). Nesta semana a companhia, que atua em países como Estados Unidos, México e Suíça, anunciou a construção de um empreendimento do mesmo porte em Uberlândia-MG.

    A construção de um outro data center em Minas Gerais não inviabiliza o investimento em Maringá. Conforme Palomane, são estruturas que “se complementam” e farão parte do projeto de expansão da empresa para o Brasil.

    “(Não inviabiliza). Se complementam e, de certa forma, até dá mais suporte, porque os grandes clientes internacionais que vão se basear aqui, eles vão ter uma estrutura mais robusta para distribuir a demanda deles. E é exatamente isso que a gente está vendo no movimento atual. São grandes parceiros internacionais que estão mostrando esse interesse em colocar esse centro de processamento no Brasil para servir a América Latina toda, e até mesmo para servir algumas localidades. Então, coloque esse termo na sua cabeça: o Brasil pode servir melhor a Europa até mesmo que os Estados Unidos”, afirmou o CEO da RT-One, ao ser questionado sobre os investimentos anunciados em Maringá e Uberlândia.

    A construção do data center de Maringá havia sido anunciada pela própria empresa e também pelo prefeito municipal, Silvio Barros, ainda em fevereiro deste ano. A estrutura, de aproximadamente 1 milhão de m², terá capacidade de processamento de até 400 megawatts de forma escalonada, com foco no processamento de Inteligência Artificial (I.A). O investimento previsto é de R$ 6 bilhões e a expectativa de que o local esteja operando até o fim de 2026.

    O projeto maringaense é basicamente o mesmo que foi apresentado para a Prefeitura de Uberlândia. De acordo com Fernando Palomane, a empresa fez um estudo prévio visando escolher as melhores cidades para se instalar no Brasil. A RT-One identificou no país uma carência, mas ao mesmo tempo potencial, para o investimento na estrutura de data centers.

    Atualmente, o país tem 160 empreendimentos do tipo, mas todos de pequeno porte. Na comparação com os Estados Unidos, por exemplo, a disparidade é grande: por lá, são 5 mil data centers com uma capacidade total de processamento de 35 mil megawatts, contra apenas 700 megawatts das unidades brasileiras.

    “Porque o Brasil é um país, de uma certa forma, amigável. Na indústria, isso é chamado de friendly force. Ele é amigável de forma que ele não tem políticas contrárias como hoje a gente vê que está sendo feito nos Estados Unidos a nível de acesso da informação. Por exemplo, a União Europeia não quer ter os seus dados dentro dos Estados Unidos por questão de acesso que é requerido pela NSA (Agência de Segurança Nacional). Eles querem disponibilidade para colocar seus dados em outras localidades que sejam amigáveis, como o Brasil”, declarou Fernando.

    Ainda conforme o executivo, com mais de três décadas de atuação no mercado da tecnologia, Maringá e Uberlândia foram escolhidas pela capacidade de atender grandes capitais sem o custo de operação de ter um empreendimento deste calibre nesses espaços. A localização dos dois municípios permite o processamento e o envio de dados para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte em questão de segundos.

    “Essas duas localidades, quando você pega um raio de mil quilômetros ao redor, você tem acesso a localidades grandes como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, enfim, grandes cidades, sem ter o custo de operar dentro dessa localidade. Então, com mil quilômetros, você consegue, em fibra, transferir dados em segundos. Então, é uma latência muito baixa que a gente consegue fazer um serviço muito bom. Então, a minha visão para o Brasil e para outras localidades do mundo é que você vai ter mais desses grandes centros de processamento de dados”, disse o CEO, que revelou que a empresa planeja a construção de um terceiro data center no país, em local ainda não definido.

    Geração de empregos

    Tanto em Maringá quanto em Uberlândia, a RT-One promete a geração de mais de duas dezenas de empregos com a construção dos data centers. Palomane explica que os números levam em consideração toda a operação logística e também de recursos humanos de um grande empreendimento.

    “Um data center é uma empresa como qualquer outra. Então, quando você pensa assim, ‘olha, eu vou construir a minha primeira base’, o que você precisa para aquela primeira base? Você precisa do time de RH, você vai precisar do time de logística, porque vai ter muito equipamento entrando e saindo, você vai precisar do time engenharia, porque engenharia vai funcionar, engenharia é estrutura, engenharia é eletricidade. Você vai precisar de um time focalizado especificamente em eletricidade para fazer essa compreensão da eletricidade, que é um fator recuperacional muito importante, vai precisar de um time para lidar com água, a qualidade de água, o que está acontecendo com a água, com o controle ambiental, controle de emissões, porque um dos nossos objetivos é ser carbono zero. […] Dentro de um data center, você vai precisar de engenheiros de rede, telecomunicação, você vai precisar de engenheiros de operação para controlar essas cargas, vão ter várias pessoas na parte de colocar o equipamento, de verificar se o equipamento de cabeamento está correto. A estimativa de um data center nesse porte, no momento inicial, é que vai precisar em torno de 20 a 30 pessoas por megawatt.  Aí você pode ter uma ideia da quantidade de pessoas que seriam necessárias”, explicou.

    A preocupação com os impactos ambientais

    A empresa afirma estar trazendo ao Brasil e, especificamente, para Maringá, tecnologia “nunca antes vista no país” para o controle e mitigação dos possíveis impactos ambientais. Conforme Fernando Palomane, a RT-One tem um projeto para o uso consciente da água e da energia, bem como de não ter nenhuma emissão de carbono.

    Um dos pilares seria um sistema de refrigeração fechado, que impede a estrutura de perder água para o ambiente. “A gente também está utilizando um outro conceito chamado dry cooler. Ele é um refrigerador seco e fechado. Então, quando você pensa no data center tradicional, que eu mencionei para você, a grande maioria são esses data centers tradicionais, que tem refrigeração a ar e ele precisa do chamado sistema de refrigeração chamado evaporativo. Esse sistema evaporativo perde muita água para o ambiente. Não é o caso do circuito fechado de água de refrigeração, o circuito fechado de refrigeração não tem essa perda de água. Ele é muito mais eficiente”, disse.

    “Um dos nossos pontos principais para acompanhar é a nossa preocupação com o ambiente. Então, a gente está trazendo para o Brasil algo que o Brasil nunca teve antes, e é o mais novo tipo de desenho utilizado exatamente para ter essa conscientização com relação ao ambiente, que é o uso de energia de uma forma eficiente e o uso da água de uma forma eficiente e a emissão de carbono zero”, finalizou.

    Comentários estão fechados.