Projeto do Eixo Monumental ignora função social e pode inviabilizar festas populares na praça da Prefeitura, alerta Silvio Barros

Prefeito questiona falta de diálogo com a sociedade e afirma que revitalização desconsiderou função social do espaço central de Maringá.

  • Tempo estimado de leitura: 4 minutos

    Durante entrevista concedida nesta terça-feira (15) à Rádio Jovem Pan, o prefeito de Maringá, Silvio Barros, fez críticas ao projeto do Eixo Monumental, especialmente no trecho que abrange a Praça Renato Celidônio, espaço historicamente usado para eventos como a Festa da Canção e a Festa das Nações. Embora tenha elogiado à beleza do projeto, segundo ele, a obra foi pensada sem qualquer escuta da comunidade e desconsiderou a função cultural e social da praça mais simbólica do município.

    “O projeto foi feito, implantado, e não houve debate. A empresa de arquitetura admitiu para mim que nunca foi demandada a fazer uma escuta pública. Fizeram o que acharam bonito”, afirmou.

    Festejos ameaçados: entidades relatam prejuízos

    Barros citou o impacto direto da obra na realização de eventos populares que movimentam a cidade e geram renda para instituições sociais. Segundo ele, entidades estão enfrentando dificuldades financeiras após a transferência das festas para locais afastados.

    “Fui almoçar na Festa da Canção e as entidades estão dizendo que o público caiu muito. Algumas nem participaram mais. Outras, que dependem desses recursos para ajudar pessoas em vulnerabilidade, não conseguem fechar as contas como antes.”

    O prefeito também revelou que há incerteza sobre o retorno dos eventos à Praça Renato Celidônio mesmo após o fim das obras.

    “A hora que terminar a obra, as festas voltam para a praça? Eu acho que não. O paisagismo reduziu os espaços e não foi colocada nenhuma infraestrutura mínima: rede de água, esgoto, energia, gás. Nada. E os bombeiros já não permitem mais eventos com gás de cozinha improvisado. Isso foi ignorado”, criticou.

    Evento religioso prejudicado

    A Igreja Católica também foi afetada pelas mudanças no espaço. De acordo com Silvio Barros, o padre da Catedral procurou a prefeitura para questionar onde seriam realizadas, a partir de agora, as celebrações campais, como o Corpus Christi e a procissão da padroeira.

    “Agora não tem mais onde colocar o tapete, onde fazer a missa. O espaço que usavam não está mais lá. E quem fez isso? Não fui eu. Só me cabe agora tentar encontrar uma solução.”

    Obra bonita, mas sem função

    Apesar de considerar o projeto esteticamente agradável, o prefeito reforçou que o Eixo Monumental, da forma como foi concebido, não atende aos interesses reais da cidade.

    “Está bonito, não estou dizendo que está feio. Mas não cumpre o seu papel social. Precisamos de uma obra que se integre à cidade, que respeite suas tradições, seus eventos, sua história.”

    Prefeitura vai rediscutir continuidade da obra

    Silvio Barros disse que tudo o que ainda não foi executado no Eixo Monumental será amplamente debatido com a comunidade antes de seguir adiante.

    “Não se pode continuar uma obra dessa importância sem escutar a população. Isso precisa ser rediscutido.”

    Comentários estão fechados.