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O prefeito de Maringá, Silvio Barros (Progressistas), afirmou que o município ainda discute quanto pagará em subsídios para o transporte coletivo em 2025. Ele falou sobre o assunto em entrevista ao Maringá Post nesta quinta-feira (6).
De acordo com o chefe do Executivo, a discussão ainda carece de informações tanto da Secretaria Municipal da Fazenda quanto da empresa que gerencia as frotas de ônibus da cidade. Segundo ele, o orçamento para a manutenção do atual valor, deixado pela antiga gestão, é “extremamente apertado”.
“A discussão sobre quanto nós vamos manter de subsídio ainda precisa ser concluída em função dos recursos disponíveis na Prefeitura. Nós recebemos um orçamento feito pela gestão anterior e ele, lamentavelmente, é um orçamento extremamente apertado, para a gente não dizer que é deficitário. Então, a quantidade de recurso que a gente tem para subsídio não banca, não custeia o que foi oferecido no ano passado. Então, nós vamos ter que buscar outras fontes para poder manter o mesmo padrão de subsídio. Essa discussão precisa de mais dados, mais informações da Secretaria da Fazenda e precisa de mais informações também do sistema de transporte coletivo, para a gente saber o que, quem e quanto subsidiar”, declarou o prefeito de Maringá.
A decisão final sobre o valor do subsídio para 2025 deverá ser tomada até o mês de maio, uma vez que em junho ocorre a data-base dos motoristas, período do ano em que a empresa costuma detalhar os custos para o município.
Atualmente, a tarifa geral do transporte é de R$ 4,80, com o município subsidiando cerca de R$ 2,25 por passagem. Conforme a planilha de custos de 2023, também disponível para consulta pública e a última disponibilizada no sistema da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), o valor total da tarifa ao passageiro, sem descontos, deveria ser de R$ 7,05 para cobrir os custos do sistema.
Desde 2022, a Prefeitura de Maringá já pagou mais de R$ 100 milhões em subsídios das tarifas de ônibus, de acordo com dados fornecidos pelo município e também disponibilizados no Portal da Transparência. Em números detalhados, foram R$ 35 milhões pagos em 2022, R$ 40 milhões em 2023 e R$ 30 milhões em 2024.
“Modelo que não se sustenta mais”
Mesmo com os mais de R$ 100 milhões pagos em subsídios da tarifa, a estratégia não tem servido para angariar novos passageiros. No decorrer de 2024, cerca de 22,9 milhões de pessoas utilizaram o transporte coletivo em Maringá, de acordo com a Semob. O número é relativo a quantidade de vezes que as catracas dos ônibus foram giradas.
Na média, é como se 64 mil pessoas utilizassem os ônibus diariamente. O número é praticamente o mesmo registrado em 2022 e 2023, quando a média diária também se manteve em 64 mil usuários por dia. Nos cálculos da Prefeitura, o sistema precisaria de, ao menos, 100 mil usuários diários para ser sustentável. Antes da pandemia, pouco mais de 140 mil pessoas utilizavam ônibus em Maringá por dia.
Ainda conforme o prefeito Silvio Barros, Maringá já se mobiliza pensando em ‘redesenhar’ o sistema de transporte coletivo. Dentro da programação da viagem internacional do chefe do Executivo, prevista para a próxima semana, está a participação em um workshop sobre Mobilidade Urbana em Londres, onde ele busca encontrar ideias para serem implantadas na cidade.
“Esse tema nós propusemos que seja discutido amplamente dentro do Codem (Conselho de Desenvolvimento Econômico), com representação da sociedade, com participação da empresa concessionária e da Câmara de Vereadores. O modelo de transporte coletivo subsidiado pela passagem ele está ultrapassado e ele não é mais viável. Existem novas modalidades de transporte que vêm ocupando espaço, muitas prefeituras como a nossa estão fazendo cada vez mais ciclovias, que tiram pessoas do transporte coletivo. A pessoa vai de bicicleta ou vai de patinete, e a tendência no mundo todo, ou pelo menos aqui no Brasil, é de que o IPK (Índice de Passageiros por quilômetro rodado) caia cada vez mais. Isso significa que a tarifa sobe muito e, quanto maior a tarifa, menos passageiros. […] Nós precisamos avançar. O mundo está mudando, está se tornando cada vez mais tecnológico, cada vez mais moderno e é isso que eu vou ver na Inglaterra”, disse.
Apesar de não cravar um novo modelo para a cidade, Silvio citou, como exemplo, a possibilidade do subsídio em 100% da tarifa em itinerários específicos. “Então, existe sim já uma mobilização, já existe uma demanda com o Codem para que a gente possa redesenhar o nosso modelo e, a partir daí oferecer, quem sabe, uma tarifa até 100% subsidiada em algumas rotas. E a pessoa, para chegar naquele itinerário, ela chega por sua própria conta. Pode chegar de bicicleta, pode chegar de Uber e, a partir dali ela anda no ônibus gratuitamente. É uma alternativa. Nós estamos colocando isso como uma das opções. Mas, sem dúvida alguma, temos que redesenhar o modelo”, finalizou.
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