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O Núcleo Cênico Oficina das Artes, em parceria com o DEPPEN (Departamento de Polícia Penal do Paraná) e o CCEPMA (Conselho da Comunidade de Execuções Penais de Maringá), conquistou o prêmio de Menção Honrosa no 17º Festival de Teatro de Pinhais.
A premiação, realizada no dia 25 de outubro, no Centro Cultural de Pinhais, destacou o talento do grupo, que competiu com companhias renomadas de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.
A apresentação de “Fragmentos da Morte de Ivan Ilitch”, que encerrou o festival, foi exibida no dia 19 de outubro. No dia 24, o Núcleo se apresentou no Fetacam (Festival Nacional de Teatro de Campo Mourão) para um público lotado de quase 300 pessoas, que aplaudiram de pé ao final da performance.
Com um histórico de mais de 15 apresentações, o Núcleo já atraiu mais de 2.700 espectadores. O Núcleo Cênico, formado por Claudeir Fidélis, Adauto da Silva e Marco Antonio Garbellini ressaltam a relevância desses projetos para a reintegração social:
“Começamos com uma única apresentação prevista com ‘Crime e Castigo’ dentro da Casa de Custódia, depois fomos apresentar na Colônia Penal. Quando o secretário de cultura da época, que estava presente e assistiu, o Vitor Simião, fomos convidados para uma temporada no Teatro Barracão da Bento Munhoz e para apresentar na Flim (Festa Literária Internacional de Maringá). Na temporada do Barracão, o diretor de cultura de Maringá, o Francisco Pinheiro, assistiu e nos indicou para apresentar no FETACAM em Campo Mourão. E assim surgiram outros convites.”
Claudeir Fidélis, detento da Colônia Penal de Maringá, responsável pela adaptação da obra de Tolstói para o teatro e também ator da peça, compartilha sua trajetória:
“Eu sempre gostei muito de ler. Mas, lia mais livros de autoajuda e tal… Foi dentro da prisão que tomei gosto pela leitura de clássicos como: Dostoiévski, Tolstói, Machado de Assis, Shakespeare e outros grandes nomes da literatura, do teatro, da filosofia e das artes. Quando os diretores, o Garbellini e o Adauto, me pediram para adaptar ‘A Morte de Ivan Ilitch’ para o teatro, eu levei um susto. Mas hoje entendo que foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.”
Em janeiro de 2025, o DEPPEN e o CCEPMA iniciarão oficinas de teatro na Casa de Custódia, na Colônia Penal e na Penitenciária Estadual de Maringá. Até quinze homens serão selecionados para participar, podendo conquistar remição de pena por meio do aprendizado teatral.
O diretor Júlio Cesar Vicente Franco enfatiza o impacto social desses projetos: “Daqui a vinte ou trinta anos, quando alguém fizer uma pesquisa sobre o sistema prisional de Maringá e região, nosso nome estará lá, que iniciamos um projeto pioneiro, inovador e transformador. Chegará um momento em que todos vão entender que só existe uma maneira desses homens e mulheres retornarem para nossa sociedade: pelo trabalho, pela religião, pelo estudo e, agora pela arte, também.”
Com a meta de alcançar mais de 3.000 espectadores até dezembro, o Núcleo já tem apresentações agendadas em colégios e instituições da região. Em 2025, além das oficinas, continuarão as apresentações de “Fragmentos da Morte de Ivan Ilitch” e a produção de um documentário sobre o processo do projeto, sob a direção de Luiz Carlos Locatelli.
Os diretores e o elenco expressam gratidão pelo apoio recebido e estão confiantes no futuro das iniciativas artísticas no sistema prisional, reconhecendo a importância das parcerias com instituições culturais e governamentais.
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