Declaração do ex-prefeito de Maringá foi dada na manhã desta sexta-feira (22), em entrevista à CBN Maringá. De acordo com o gestor, o futuro do transporte público pede um modelo de tarifa zero. Para este ano, Maringá planeja pagar R$ 40 milhões em subsídios nas tarifas.
Por Victor Ramalho
Ex-prefeito de Maringá nas gestões 2005-2008 e 2009-2012, Silvio Barros II (Progressistas) alertou nesta sexta-feira (22), sobre a necessidade de mudanças no atual modelo do transporte coletivo. A fala ocorreu durante entrevista do gestor à CBN Maringá. Conforme Barros, o atual modelo onde o município subsidia parte da tarifa está “condenado”. Além de Maringá, a prática do subsídio vigora em vários outros municípios do Brasil.
Segundo o ex-chefe do Executivo, o modelo já se mostrou insustentável em diversas cidades, por estar atravessado por vários outros fatores, como a quantidade de pessoas que utilizam o transporte público diariamente.
“No modelo atual, não (tem solução). O modelo atual de subsídio na tarifa do transporte coletivo está condenado e não por mim, mas pela ANTP (Associação Nacional do Transporte Público), ele está condenado por ser tecnicamente inviável em qualquer circunstância. O modelo precisa ser outro e nós caminhamos hoje para o modelo da tarifa zero, com o transporte 100% subsidiado.
Conforme mostrado pelo Maringá Post em fevereiro, para este ano de 2023 Maringá pretende pagar até R$ 40 milhões em subsídios para a Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), empresa que administra o transporte público na cidade. De janeiro a junho deste ano, foram pagos R$ 21 milhões, cerca de R$ 4 milhões mensais de média. Atualmente, a tarifa técnica – valor que o passe deveria custar – é de R$ 6,80, mas o usuário final paga R$ 4,80, com os R$ 2 restantes sendo pagos pelo município.
Segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), 74 cidades do Brasil já aplicam a tarifa zero no transporte público, sendo 10 no Paraná. O exemplo mais próximo é Cianorte (a 80 quilômetros de Maringá), onde o sistema entrou em operação em 1º de janeiro deste ano.
Ainda de acordo com Silvio Barros, aplicar a tarifa zero implica em outras mudanças na rede de transporte. “Claro que isso impõe mudanças na rede, nas linhas, é um outro conceito. Estou agora levando um grupo de prefeitos para Barcelona, em um Congresso Mundial de Mobilidade e estarei levando a prefeita de Campo Grande justamente para fazer essa discussão, pois ela está com esse problema. Lá, empresas do mundo todo vão oferecer alternativas de modelo aliadas a tecnologia, pois o modelo de subsídio na tarifa está condenado, ele não tem mais como funcionar. […] A própria ANTP tem várias propostas a serem feitas, mas todas elas implicam em subsídio e ele não pode ser da maneira que o sistema está desenhado hoje, então ele tem que ser redesenhado para que possa ser subsidiado de maneira aceitável. É possível e necessário que isso seja feito”, declarou à CBN.
Foto: Arquivo/PMM
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