Faltando pouco dias para o Vestibular de Inverno, o Maringá Post conversou com os primeiros colocados em Medicina nos anos de 2021 e 2022, que compartilharam suas rotinas de estudos. Mais uma vez, o curso será o mais concorrido da instituição.
Por Victor Ramalho
Pouco mais de 12 mil estudantes realizam no domingo, dia 27 de agosto, o Vestibular de Inverno 2023 da Universidade Estadual de Maringá (UEM), uma das instituições mais cobiçadas do Brasil. Conforme dados da própria instituição, mais uma vez o curso de Medicina será o mais concorrido, 5.066 inscritos – ou 41% do total – para 6 vagas, uma média de 843 candidatos por oportunidade.
Não são apenas números, cada um dos 5.066 candidatos têm uma história de vida. Alguns acabaram de sair do ensino médio e querem seguir estudando, enquanto outros buscaram bagagem, seja em outro curso ou atividade profissional, para retornar em busca da aprovação. Em comum, todos eles carregam algo: a preparação para a prova.
Meses, às vezes anos de estudos, alguns se privando de outras atividades e do convívio com os amigos para se dedicar aos livros. Seja com o conteúdo aprendido no ensino médio convencional ou com o material do cursinho, cada véspera de Vestibular nos traz uma indagação: existe um segredo para ser aprovado?
Para responder essa questão, o Maringá Post conversou com os dois últimos aprovados em 1º lugar para Medicina na UEM. Eles lideraram os processos seletivos de 2021 e 2022, respectivamente. Com a reportagem, eles compartilharam suas rotinas de estudos, a preparação para a véspera da prova e também deram dicas para quem vai buscar a aprovação no dia 27.
A Milena Babugia tem 25 anos e ingressou em Medicina na UEM em 2022, após ser a primeira colocada geral do processo seletivo de 2021. A aprovação não veio de primeira e nem teve a Universidade maringaense como a única tentativa. Na visão da estudante, as tentativas prévias, tanto na instituição como em outras universidades do Paraná, a fizeram ganhar maturidade para a aprovação que veio dois anos atrás.
“A minha aprovação foi um pouco difícil, tentei várias vezes até conseguir. A UEM sempre foi o que eu queria, de verdade, mas como Medicina era um curso bem concorrido, acabei tentando em outras instituições também. Tentei UEPG, Unioeste, UFPR, por exemplo. Tanto que, quando passei na UEM, passei na UEPG junto, mas optei pela mais próxima (risos)”, conta.
Apesar da vivência com cursinhos pré-vestibular, boa parte da preparação da Milena ocorreu de maneira autônoma. Estudando em casa, ela relata que encontrar um método próprio de estudo foi resultado de muitas tentativas e também erros. No começo, eram horas e horas seguidas de leitura, até identificar a importância de saber dosar o processo.
“No começo, eu cometi o erro que muitos cometem, de colocar em mim mesma uma carga de estudos enorme. Eu estudava de manhã, chegava em casa e estudava por conta própria das 13h às 18h, depois fazia um intervalo de 1h e voltava das 19h às 23h. Fiz isso por praticamente um ou dois anos, mas não funcionou, só me deixou cansada e ansiosa. Eu fui moldando meu estilo de estudar com o passar do tempo, até chegar em um modelo que me deixou confortável e, ao mesmo tempo, me ajudou na aprovação”, relembra.
Quem também passou estudando por conta própria foi o Lucas Steinmacher, de 18 anos. Aprovado em 1º lugar no Vestibular de Medicina da UEM em 2022, ele optou por estudar o mesmo curso na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde também foi aprovado. Atualmente, ele está no 2º período.
De acordo com ele, o start nos estudos visando o vestibular começou a partir do 2º ano do ensino médio. A partir dali, estudar um pouco todos os dias após a aula passou a fazer parte da rotina.
“Comecei a estudar para o vestibular no ensino médio, mais especificamente aumentei meu foco a patir do 2° ano, um pouco por conta da pandemia, que aconteceu durante meu primeiro ano. No 2° eu costumava estudar até por volta das 17h, já no terceiro ano eu tinha aulas até as 15h e depois ficava na escola por mais umas 4 horas mais ou menos. Não cheguei a fazer cursinho e minha principal forma de estudos, especialmente na reta final era fazer exercícios e provas antigas/simulados. Quando eu ainda tinha aprendido pouco sobre um conteúdo ou sentia que precisava reforçá-lo gostava de utilizar de livros e material didático”, explica o estudante.
Em comum, os dois estudantes tiveram o apoio dos familiares, além de saberem conciliar o estudo com o tempo de lazer.
“Meus pais me ajudaram muito. Como demorei um certo tempo até conseguir ser aprovada, eles nunca me forçaram a fazer algo que eu não queria. Quando eu disse que queria Medicina, eles me incentivaram a seguir estudando. Minha irmã também me apoiou muito e, ao longo desse período, também fiz terapia, que me ajudou demais, principalmente a entender que quem mais precisa me apoiar sou eu mesma. […] Para mim, foi muito importante também separar um tempo para fugir dessa rotina de estudos, separar um tempo para fazer as coisas que eu gosto. Eu estudava, mas sem abrir mão da caminhada, de uma aula de dança, da terapia, que são coisas que me fazem bem e me ajudaram a não chegar no dia da prova esgotada”, declara Milena.
“Nesse período tive uma fantástica rede de apoio, minha família sempre me incentivou e forneceu materiais e cursos se eu julgasse importantes. Além disso, tive ótimos amigos com quem eu conseguia espairecer no tempo livre, mas que também se esforçavam bastante e me ajudavam a me manter motivado para estudar. Por fim, a equipe de coordenação e professores de meu colégio sempre foi extremamente atenciosa e prestativa, atendendo os alunos de forma bastante humana e personalizada”, afirma Lucas.
Perguntados se acreditam que existe algum “segredo” para a aprovação em Medicina, eles destacaram a necessidade do candidato de confiar em si próprio, além de não achar que uma possível não aprovação represente o fim do caminho.
“Acreditar neles mesmos é o primeiro passo. É preciso interiorizar em você que você é capaz, que você se preparou, deu o seu máximo ao longo dos estudos, independente do resultado. Também é muito importante saber dosar o descanso, pois é muito importante você chegar no dia da prova com a cabeça leve, descansado. Isso também ajuda a não deixar fatores externos te atrapalharem, como a ansiedade, o fato de ver muitos candidatos ali concorrendo com você. É preciso acreditar que nada disso irá te afetar”, compartilhou Milena.
“Não acho que tem nenhum segredo para a aprovação, nenhum método infalível. O importante para mim é manter o foco, analisar com objetividade o que precisa ser melhorado e encontrar um jeito de estudo que combine com você”, finalizou Lucas.
Coordenador de cursinho destaca as características dos alunos aprovados
A busca por um cursinho preparatório de pré-vestibular acaba sendo um caminho atrativo para muitos estudantes. Atualmente, eles representam um alto percentual de aprovados nas universidades estaduais e federais.
Se antes esses cursinhos seguiam metodologias mais “engessadas”, agora o método da vez é a personalização, isto é, montar um plano de estudos que se adapte as necessidades de cada estudante. É o que explica o Coordenador do Cursinho do Colégio Pro, de Maringá, professor Marcos Ursi.
“A experiência do cursinho é, de fato, diferente, na medida em que hoje nós podemos, diferente do passado, personalizar o atendimento, ver qual a deficiência que aquele aluno ainda apresenta e poder trabalhar em cima dela. Então passa diretamente por isso, observar as fragilidades do aluno e não necessariamente fazer um trabalho geral, igual para todos os alunos”, relata.
Do cursinho pré-vestibular do Pro saíram dois aprovados em Medicina na UEM em 2022, além daqueles que conseguiram aprovação em outras instituições e cursos. Apesar disso, o professor acredita que não existe uma “fórmula mágica” para a aprovação. Ele destaca, no entanto, características que são observadas nos estudantes que têm sucesso nos processos seletivos.
“Não existe uma fórmula mágica, apesar de vermos muito essa ideia por aí, de cursos ou instituições que prometem um método único e milagroso para se conseguir uma aprovação. Existem várias metodologias que funcionam. O que eu destaco, no entanto, são características que nós sempre vemos naqueles alunos que conseguem a aprovação. Normalmente, são adolescentes que têm uma rotina consistente, aquele aluno que consegue consolidar uma rotina de estudos ao longo do ano estável e produtiva. Também observamos o aluno que tem uma boa dose de autoconfiança, que permite que a gente não se paralise diante da ansiedade e do medo da prova, ter fé no trabalho que está sendo desenvolvido e, por fim, aquele aluno que não vê o erro de maneira negativa, ou seja, que após uma prova, olha os pontos onde errou e tenta extrair algo positivo, busca melhorar, que não enxerga o erro como um sinônimo de fracasso”, diz.
Ainda de acordo com o profissional, as instituições estão tomando o cuidado de trabalhar a parte emocional dos jovens com o mesmo zelo que trabalham a questão didática. “O atendimento sempre está voltado para essas duas dimensões: uma acadêmica, pedagógica e educacional e outra que é o atendimento emocional, que ajuda com a ansiedade que naturalmente aparece quando a prova está chegando. Isso é algo que também cuidamos em fazer ao longo de todo o ano, pois as emoções oscilam, há momentos em que estamos mais motivados e outras mais inseguros, logo fazemos esse acompanhamento gradual e também um mais intenso, quando a prova se aproxima”, finaliza.
Foto: Ilustrativa/ASC-UEM
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