“Guerras de Jovita”, que falará sobre a vida da primeira mulher que se voluntariou para ir aos campos de batalha pelo Brasil, terá direção de Thayse Fernandes.
Por Victor Ramalho
Em 2020, completou-se 150 anos do fim do maior conflito armado internacional da América Latina. A “Guerra do Paraguai”, como ficou conhecida a disputa entre Paraguai e a Tríplice Aliança teve, além de novas demarcações territoriais para Brasil e Argentina, um outro marco extremamente importante, mas que por vezes passa despercebido na história: o engajamento feminino.
Jovita Feitosa, ainda uma adolescente nascida na então província do Ceará, atendeu ao apelo nacional da época e se voluntariou ao Exército para ajudar nos campos de batalha. Como naquele período as mulheres eram voluntárias apenas nas alas médicas, Jovita se disfarçou de homem, com cabelos curtos, quando participou da seletiva das Forças Armadas em Jaicós, no Piauí, aos 17 anos.
Descoberta, ela foi levada para um interrogatório policial e, chorando, manifestou o desejo de atuar nas trincheiras. O caso ganhou repercussão nacional na época e, agora, a história de Jovita Feitosa vai virar filme, dirigido por uma cineasta maringaense.
Thayse Fernandes, profissional respeitada e reconhecida nas produções cinematográficas de Maringá, será a responsável por dirigir “Guerras de Jovita”, um documentário com cenas dramatizadas (Docudrama) de 70 minutos que narra a história da primeira mulher que se voluntariou para a lutar pelo Brasil na linha de frente de uma guerra.
“Tratar a história de Jovita Feitosa no universo do documentário é preservar um cuidado zeloso de um memorialista com sua personagem histórica, real, singular e significativa, principalmente quando a sua importância atravessa os tempos contemporâneos. Assim, busca-se uma construção narrativa através do olhar feminino sobre as coisas e o mundo. Não se trata de resgate, mas o continuar da guerra”, declarou Thayse.
Para a produção da obra, que tem o roteiro do também cineasta Glauber Filho, serão entrevistados historiadores, sociólogos, professores, escritores e familiares de Jovita. A lista de entrevistados inclui nomes famosos, como as escritoras Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo.
“As depoentes são todas Jovitas! Jovitas de histórias de vida, que construíram caminhos superando obstáculos de uma sociedade patriarcal. Todas elas chegaram aos lugares de conquistas, de repertórios e reconhecimentos. As depoentes são narradoras da protagonista, sem dúvida, mas também de suas próprias histórias”, completa.
Ainda em fase de desenvolvimento, o filme contará com a colaboração de mais de 30 profissionais, envolvidos desde as etapas de pré até a pós-produção. Bastidores das gravações, bem como outras produções da diretora maringaense podem ser acompanhadas através do Instagram: @thaysefernandes.
Foto: Max Miranda
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