Hoje, o Maringá Post inicia um novo quadro intitulado Especial da Semana. A cada semana, entrevistaremos um vereador ou vereadora diferente sobre algum dos assuntos abarcados e defendidos durante a própria gestão.
Quem estreia o quadro é o vereador maringaense Mario Verri (PT), filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde os 18 anos. O tema da conversa foi cultura e desenvolvimento social.
BIOGRAFIA
O nascimento do PT em Maringá se deu por meio de alguns grupos de jovens na Vila Morangueira, conta Verri. Em meio a criação da Pastoral Universitária, da Pastoral da Juventude e do nascimento de alguns sindicatos, o vereador passou a se envolver cada vez mais na política. Foi presidente da União Maringaense dos Estudantes (UMES), participou da associação de bairro, do grêmio estudantil e teve participação ativa em uma Escola de Samba.
Apesar de sempre ter sido apaixonado por esporte, Verri nos conta que nunca passou no vestibular para o curso de Educação Física. Por isso, foi para a área da Geografia, mas não se formou. O vereador seguiu para a área do comércio, trabalhou e foi gerente de algumas lojas na cidade. Em 1989, abriu a própria loja. Teve comércio próprio de diversas lojas até 1998. Em seguida, trabalhou na Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM).
Em 2000, fez parte da chapa vencedora das eleições. Foi assim que chegou à vida pública. Foi Secretário de Esportes e Lazer de 2001 até 2004, ano em que foi eleito vereador. Desde então, foi reeleito e atualmente está em seu quinto mandato.
Mario Verri foi duas vezes candidato a deputado. É presidente do PT em Maringá e do Espaço Nelson Verri, entidade que oferece atividades físicas à população, como dança, yoga e ginástica. De acordo com Verri, atualmente, de 800 a mil alunos frequentam o espaço.
CULTURA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Cultura acessível
Todos devem ter acesso à cultura, e Mario Verri nos conta que sempre cobrou a cultura para os bairros, afinal, ele diz, nem todos possuem acesso. Muitas das instituições culturais localizam-se no Centro, pois precisam cobrar um valor monetário. É necessário descentralizar o acesso à cultura por meio de leis de incentivo.
O vereador também abordou a dificuldade de artistas venderem as próprias ideias. Para exemplificar, Mario Verri falou sobre a indústria fonográfica: para um cantor conseguir o devido reconhecimento, ele deve pagar pelo espaço na rádio. Às vezes, diz, um artista alcança o sucesso não necessariamente pelo talento, mas sim porque alguém — seja da família ou não — o bancou. “Todos que vivem na cultura são bons”, afirma Verri. Por isso, aponta a dificuldade na seleção de artistas para serem contemplados por editais e financiamentos.
Faz-se necessário igualar o acesso à cultura.
Mario Verri também relata ter acompanhado a trajetória da filha Vitória, artista plástica formada em Artes Visuais e Design Gráfico. No Espaço Nelson Verri, a artista auxilia a coordenação. Pelo fato de ser filha de uma pessoa pública, Vitória não pode participar de editais. “Ela faz um bom trabalho,” diz Verri, “mas se o trabalho dela não é reconhecido, então o valor dela é menor”. Apesar das dificuldades, Verri diz que a perseverança chama a atenção. Muitos artistas passam por dificuldades para implantar a própria arte, mas o vereador diz que, com a perseverança, chegam ao resultado almejado.
Preconceito contra culturas periféricas no Brasil
O vereador acredita que, no Brasil, o preconceito contra as culturas periféricas por uma elite vem da própria falta de cultura; isto cria pessoas com dificuldades em entender o que é uma cultura. Pontua que, apesar da disponibilidade para o acesso à cultura, algumas pessoas preferem se limitar a achar que cultura é somente aquilo que elas mesmas gostam.
Muitas pessoas se deixam levar pelo que ouvem acerca de outras culturas e, Verri diz, não procuram entendê-las.
Diversidade e multiplicidade cultural
Quanto à importância do contato com múltiplas e diversas culturas, Mario Verri ressalta que a cultura é um dos meios pelos quais as pessoas devem ter o direito de poder se expressar. Entender os benefícios de tal liberdade e respeitar o outro, diz o vereador, pode nos fazer crescer.
Leis de Incentivo À Cultura
As Leis de Incentivo À Cultura são necessárias, contudo, Mario Verri afirma que realizaria algumas mudanças para torná-las mais abrangentes e acessíveis. Devido ao número de exigências para que um determinado cidadão seja contemplado pela Lei, um artista novo não consegue ter acesso e dificilmente terá alguma orientação para se utilizar das leis. O país torna-se melhor na medida em que mais pessoas fazem e curtem a cultura, afirma o vereador.
Gestão da cultura
Quanto à gestão da cultura no governo de Jair Bolsonaro (PL), Mario Verri afirmou que o governo expressou desprezo ao acabar com uma Secretaria da Cultura. Para o vereador, o ato foi um retrocesso. Espera que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traga de volta tal Secretaria e o Ministério do Esporte.
A Secretaria é um espaço onde a cultura pode ser pensada para todos e, assim, ter seu valor, diz o vereador.
Filme favorito
Por fim, perguntamos qual o filme preferido de Mario Verri. O vereador respondeu Coringa (2019), pois o filme trata da dimensão psicológica do ser humano, especificamente a insanidade. Verri recomenda assistir e analisar o filme, pois acredita que o recado trazido dialoga com o atual momento no Brasil e no mundo afora.
Foto: Maringá Post
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