Em 7 de setembro, o rádio irá celebrar seus 100 anos de inauguração no Brasil. É de se pensar que, na era digital, onde podcasts, redes sociais e serviços de stream já são parte das nossas rotinas, que um dos veículos de comunicação de massa mais antigos existentes esteja “ficando de lado”, ou que apenas as pessoas mais velhas trabalham nesse meio por costume ou comodidade.
Mas na realidade, os Millennials e a Geração Z estão se inserindo cada vez mais no campo de trabalho do rádio. Vamos conhecer o rosto de algumas dessas vozes jovens que fazem parte do dia a dia dos maringaenses?
Vitor Oliveira, de 20 anos, é produtor e locutor da Mix FM Maringá, e lembra que o rádio esteve presente em sua vida desde a infância, e já naquela época ele demonstrava interesse pelos programas.
Vitor trabalha no meio há 6 anos, e começou a trabalhar em uma rádio comunitária, aos 14 anos. Por conta dos estudos e da rotina, precisou se afastar do trabalho com o rádio por um período, mas em 2019 retornou as atividades.
Ele participou do projeto de radionovela “Lendas da Cidade Canção”, e foi nesse curso, que durou três meses, que Vitor aperfeiçoou suas técnicas e métodos de locução e aquecimento da voz.
“Eu acho que o rádio chega onde a internet não chega, ele [o rádio] tem uma história muito bacana no Brasil, e entender que o rádio é a voz do futuro, a voz da informação (…) e o que mais me inspira no rádio é saber que eu sou a voz do futuro, eu sou a voz para a aquela pessoa que precisa de notícia, eu sou a voz para as pessoas que precisam de informação, que precisam de uma mensagem de bom dia, uma mensagem de boa tarde, que eu sou a voz que está no rádio e que o rádio vai permanecer por anos”, afirma.
Para ele, além do carinho dos ouvintes, entrevistar personalidades e artistas os quais ele admira, ou poder conhecer e entrevistar um artista que algum familiar dele admira, são oportunidades marcantes.
Rosana Baio é jornalista e atualmente locutora da rádio Mundo Livre de Maringá. Ela trabalha há mais de 15 anos com locução. Assim como Vitor, o rádio a acompanha desde a infância, e ela também começou em uma rádio comunitária nesse meio, aos 16 anos.
Rosana possui um site próprio com seus trabalhos e E-book gratuito sobre locução. Segundo ela, o amor pelo rádio é sua maior motivação.
“Todo trabalho bem feito me inspira. Essa nova geração de profissionais tem injetado um gás novo na nossa área, e nos apresentado novos estilos de voz e de locução”, afirma Rosana.
Apaixonada por musica, Baio conta que toda oportunidade de entrevistar um artista musical é muito marcante para ela. São momentos em que a importância de seu trabalho como locutora e radialista transcendem ainda mais. “Em 2017 tive a felicidade de entrevistar a Sandy no show dela aqui em Maringá, e pra mim esse foi o ápice das inúmeras oportunidades incríveis que meu trabalho me proporcionou”, relata.
Everton Liberto também é locutor da Mundo Livre FM Maringá. Assim como Vitor e Rosana, Everton conta que cresceu ouvindo rádio junto com sua família, mas foi no ensino médio, em uma visita escolar até a antiga redação do ‘O Diário’ que possuía uma rádio local, que ele desenvolveu interesse em seguir a área para trabalhar.
Everton diz que o rádio é seu veículo de comunicação favorito. Segundo ele, a escolha de sua graduação em jornalismo, no ano de 2012, foi por conta do rádio, e além de toda sua trajetória com o ramo, foi por conta do rádio que Everton conheceu sua esposa, Amanda.
“Quando eu chego aqui dentro da rádio, eu sou muito grato, porque foi aqui que eu encontrei a minha esposa. A rádio em que eu trabalho hoje que me deu uma família. Ela trabalhava aqui dentro, nós nos conhecemos, nos casamos, já estamos casados há um tempo. Além do rádio ter me proporcionado uma carreira, uma profissão, uma vida financeira boa, ele me proporcionou uma família, e isso supera qualquer história, qualquer momento que eu tenha passado que marcou a minha carreira”, conta Everton.
Inspiração na comunicação
Herica Perandré, de 22 anos, cursa o sexto semestre de jornalismo. Ela trabalha há quatro anos na Desterro FM, uma rádio católica, como voluntária, da paróquia que frequenta.
“O Padre da Paróquia que eu faço parte é formado em jornalismo e desde quando nos conhecemos ele dizia que eu tinha um potencial para a comunidade. Em 2018 quando a paróquia adquiriu a frequência da rádio 106.5, fui convidada para conhecer e fazer parte de um programa e foi nesse momento que descobri minha paixão pela comunicação e pela rádio”, conta Herica.
Apesar de gostar muito da área da locução, Herica ainda não sabe o que o futuro prepara para ela após a graduação. No entanto, o amor pela atividade, a evolução e experiências que o rádio proporcionou a ela são parte de sua história.
Resiliência do rádio
Todos os comunicadores afirmam que o rádio se reinventa cada vez mais, e nenhum acredita na ‘morte’ desse veículo.
Liberto, por exemplo, acredita em possibilidades na mudança da forma de consumo dos ouvintes, e na atualização conforte a necessidade das pessoas, mas ele afirma que o rádio sobrevive sobre crises, como já fez tantas outras vezes em décadas diferentes.
Rosana afirma que o rádio é versátil, e assim como Everton, ela acredita que ele vai se adaptar às novas plataformas, mas que são muitas as possibilidades. “Eu sei que o futuro tá chegando, e pode ter certeza que o rádio também tá preparado pra isso”, conclui.
Internet + rádio = inúmeras possibilidades
Como nossos entrevistados contaram, atualmente, ao contrário do que muitos pensaram, a internet, as redes sociais e a possibilidade de realizar lives, mais se integraram ao rádio do que o rebaixaram.
E com a globalização e o acesso a internet, são diversas as possibilidades de acesso não somente a diferentes programações de rádio de uma região. É possível ouvir e acompanhar rádios de diversos segmentos em qualquer lugar do mundo, e também acessar conteúdos de didáticos sobre o trabalho de locutor(a) por meio da internet.
O site Radio Garden encontra rádios ao redor do globo e possibilita os ouvintes de escutarem onde quer que estejam a estação de qualquer lugar. Clique AQUI para acessar.
Apesar de divertido, o trabalho com rádio também requer técnicas, estudo e preparação, e como qualquer outro trabalho, deve ser reconhecido. A voz nesse meio é uma ferramenta e acima de tudo uma marca, que transmite informações, notícias e até mesmo faz companhia para diversas pessoas.
Sem dúvidas, o rádio marcou gerações desde sua primeira transmissão, em 7 de setembro de 1922, e continuará marcando muitas outras, de diferentes formas, no futuro.
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