Janeiro Branco: Maringá apresenta sua rede de atendimento a doença mental

Reuniões de ajuda mútua, Centros de Atenção Psicossocial, tratamento hospitalar fazem parte da rede de atendimento que Maringá oferece no atendimento a pacientes de doença mental

  • A campanha Janeiro Branco, dedicada à conscientização a respeito da saúde mental, reconhecida como uma prioridade global de saúde e desenvolvimento econômico, em Maringá é marcada pel estrutura para atender pessoas com doença mental por meio do trabalho de quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ações desenvolvidas pelo Hospital Psiquiátrico e a volta das reuniões do grupo de ajuda mútua da Associação Maringaense de Saúde Mental, um braço da Pastoral da Saúde.

    A campanha, que acontece em todo o Brasil desde 2014 e foi encampada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ganhou importância especial desde o ano passado devido à pandemia da covid-19 com conseqüente aumento de casos de ansiedade e de depressão, além de outras doenças mentais. Muitas pessoas apesar de, fisicamente estarem bem, mentalmente vivem em estado doentio. Isso se reflete em suas atitudes.

    Doença mental
    Imagem ilustrativa / Divulgação

    O Brasil, mesmo antes da pandemia o aumento de casos de doença mental já chamava a atenção, mas a situação piorou desde 2019. De acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo (9,3%) e o segundo maior das Américas em depressão (5,8%).

    No Brasil, em 2019, os beneficiários de planos de saúde realizaram cerca de 29 milhões de procedimentos relacionados ao cuidado em saúde mental – um crescimento de aproximadamente 167% em relação ao número realizado em 2011.

    No HPM, a campanha é permanente

    O Hospital Psiquiátrico de Maringá (HPM), uma das mais antigas instituições voltadas ao tratamento de doença mental no Paraná, lança sua campanha “Janeiro Branco e a Saúde Mental: é preciso falar sobre”.

    “Ao mesmo tempo que objetivamos levar as pessoas a refletirem a respeito de sua saúde emocional, psíquica, queremos que elas passem a compreender melhor o assunto e, com isso, possam ajudar não somente a si, mas a outros que, por ventura, estejam passando por uma situação difícil ou mesmo enfrentando uma doença mental”, aponta o médico psiquiatra Paulo Vecchi Abdala, diretor clínico do HPM.

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    Para se ter uma ideia da importância do tema, antes mesmo de a pandemia se tornar parte da vida de praticamente toda a população do planeta, os números já eram alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas. A Covid-19 fez não só com que esses transtornos se agravassem, mas também trouxe novas questões.

    Na tentativa de entender o contexto, especialistas criaram termos para dar nome aos sentimentos e ao estado psíquico que muita gente tem vivenciado.

    Fadiga pandêmica, por exemplo, é a terminologia adotada pela OMS para designar o cansaço e o esgotamento físico e mental provocados pela pandemia. As restrições na vida social, financeira, entre outras dimensões, aumentam a falta de perspectiva e diminuem o poder de planejamento.

    Nada disso é, em si, um sério transtorno psíquico, mas esse tipo de sofrimento prolongado pode, segundo a organização, gerar ansiedade, depressão e insônia, mesmo em quem não apresentava qualquer tendência prévia.

    Troca de experiências ajuda, e muito

    A Associação Maringaense de Saúde Mental, parte da Pastoral da Saúde, tem ajudado centenas de pessoas com transtornos mentais e seus familiares por meio de reuniões para trocas de experiências. O trabalho esteve suspenso desde o início da pandemia de coronavírus, mas volta a ocorrer ainda durante o Janeiro Branco.

    As reuniões de ajuda mútua acontecem no salão da Paróquia Santa Maria Goretti, na Zona 7, ao lado do Supermercado Condor. Pessoas que fizeram tratamentos ou que suspeitam ter algum tipo de doença mental, se reúnem para falar do problema, como estão enfrentando, as vitórias conseguidas. É um método semelhante ao empregado com sucesso pelos grupos de Alcoólicos Anônimos (A.A,), porém sem preocupação com guardar anonimato dos participantes e participam também familiares, que, afinal, também são impactados pela doença de algum membro.

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    Imagem ilustrativa

    Segundo o coordenador da Pastoral, José Augusto Machado, as reuniões são muito importantes como apoio a quem está ou esteve em tratamento e todo o trabalho é acompanhado por  acadêmicos dos cursos de Psicologia, Psiquiatria e Enfermagem das universidades de Maringá.

    Ações preventivas precisam ser permanentes

    Em Maringá, é oferecida uma rede de atendimento especializado ao tratamento de doenças mentais. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, apesar de as campanhas, como o Janeiro Branco, serem de suma importância para debater o tema, ações preventivas de conscientização e tratamento em relação à saúde mental da população são realizadas durante todo o ano pela Prefeitura de Maringá.

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    Profissionais da rede de atenção psicossocial da Secretaria de Saúde de Maringá em mais um curso de capacitação Foto: Aldemir de Moraes

    São quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) destinados para atender de forma integral e contínua pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, ou provocados pelo uso abusivo de álcool e outras drogas.

    Um dos centros é voltado para atendimento de crianças/adolescentes e outro possui atendimento 24 horas com entrada na unidade entre 7 e 19 horas. As unidades têm equipe multiprofissional composta por assistentes sociais, enfermeiros, auxiliar de enfermagem, médico psiquiátrico, terapeuta ocupacional e psicólogos.

    A rede de atenção à saúde mental também é estendida para as 34 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com atendimento psicológico. Em 2021, as UBS′s atenderam 23.907 pessoas com o atendimento psicológico, e nos CAPS, mais de 60 mil ao todo.

    A coordenadora da Saúde Mental, Maria Heloísa Cella, enfatiza os cuidados com a saúde das pessoas em sofrimento. “Precisamos falar sobre saúde mental, as pessoas precisam saber que, se estiverem em sofrimento, podem buscar ajuda”, destaca.

    Veja os horários de atendimento, local e os serviços prestados em cada unidade:

    CAPS I – Centro de Atenção Psicossocial Infantil: Serviço para atendimentos a crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, cujo comprometimento cause prejuízos acentuados em vários aspectos da rotina diária.

    Horário de funcionamento: 7h30 às 18h

    Endereço: Rua Pioneiro João José Queiroz, 650

    CAPS AD II – Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e ou Drogas: é um local que oferece tratamento para a população maringaense adulta, que apresenta intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de  álcool e outras drogas.

    Horário de funcionamento: 7h às 19h

    Endereço: Rua Pioneiro João José Queiroz, 650

    CAPS II Canção – Centro de Atenção Psicossocial para atendimento a pessoas com transtornos mentais graves e persistentes.

    Horário de funcionamento: 7h as 18h.

    Endereço: Rua  Alfredo Pujol N° 733

    CAPS III: Atendimento para pessoas com transtornos mentais graves. Possui 12 leitos de acolhimento de curta permanência. O acolhimento em leito acontece diariamente das 7h às 19 horas. O cuidado recebido no acolhimento em leito funciona 24 horas.

    Endereço: Rua Pioneiro João José Queiroz, 650

    Hospital Municipal – Emergência Psiquiátrica 24 horas

    Rua. Ver. Gerson Soares Costa Kuriango esq. Av. Nildo Ribeiro da Rocha, s/n – Jd. Ipanema

    Unidades Básicas de Saúde (UBSs): Confira os horários de cada unidade neste link.

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