Pioneiro Antonio Manfrinato faz 100 anos e recebe homenagens da família, amigos e do prefeito

“Seo” Tonico é uma das últimas testemunhas da abertura do chamado Maringá Novo

  • O pioneiro Antonio Manfrinato, que participou do evento de lançamento do Maringá Novo, no dia 10 de maio de 1947, foi o primeiro morador da região conhecida como Vila 7, onde hoje está o câmpus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e foi um dos responsáveis pela criação da Escola Isolada Santa Maria Goretti, hoje colégio estadual,  completou 100 anos na última quinta-feira, dia 2, e recebeu uma grande homenagem prestada pela família neste domingo. Até o prefeito Ulisses Maia (PSD), que já o visitou em outras ocasiões, foi levar-lhe os parabéns.

    “Seu” Tonico, como ficou conhecido, nasceu em 1921 em Nova Europa, distrito de Araraquara, São Paulo. Aos 18 anos mudou-se para Andirá, onde se casou em 1943. Chegou a Maringá em 1947, ano em que a cidade foi fundada pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP).

    Ele chegou a Maringá na época em que só existia o núcleo urbano que hoje é a região do Maringá Velho. Veio para trabalhar na derrubada de matas, abertura de fazendas para o plantio de café. Logo conseguiu emprego com o engenheiro Aristides Souza Melo, diretor da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que queria plantar um cafezal próximo ao núcleo urbano, onde hoje é o campus da UEM.

    Já empregado por Aristides, Antonio Manfrinato foi convocado para arranjar lenha para um churrasco que a diretoria da Melhoramentos ia dar. Ele conseguiu a lenha numa mata onde hoje é a Praça Raposo Tavares e levou para a churrasqueira – na verdade, uma vala – onde hoje fica o Centro Comercial, ao lado da praça.

    Ele sempre conta que isto foi no dia 10 de maio de 1947 e o churrasco era para o lançamento dos terrenos na área que passou a ser chamada de Maringá Novo e que, como a lenha estava molhada pela chuva daquela noite, “foi um fumaceiro danado”.

    Pernas-pra-que-te-quero

    Durante 29 anos trabalhou na fazenda de café do doutor Aristides, até que a área foi desapropriada para a implantação da UEM. Continuou morando ali mesmo na Vila 7 e frequentando a UEM para ver as árvores que ele tinha preservado durante os tempos do cafezal e que a universidade mantém até hoje. É famosa a Figueira do Seu Tonico Manfrinato, próximo à ponta da antiga cantina.

    antonio manfrinato
    Antonio Manfrinato visita as árvores que deixou para a UEM Foto: UEM

    Seu Tonico foi homem de bater perna. Desde que parou de trabalhar, há uns 25 anos, passou a visitar os muitos amigos que estavam espalhados pela cidade. Em uma bicicleta antiga, com chapéu e um guarda-chuvas na garupa, passava os dias de bairro em bairro, batendo papo. Depois de uma certa idade, filhos e netos não deixaram mais ele transitar de bicicleta, aí passou a circular a pé ou de ônibus. O mesmo chapéu e o mesmo guarda-chuva.

    A família considera que essa bateção de pernas lhe garantia boa saúde, disposição e a mente sempre ativa, principalmente para contar as coisas do passado. Era um arquivo vivo, como diz o historiador João Laércio, do Patrimônio Histórico da prefeitura e seu amigo. “Já o consultei muitas vezes”, contou João Laércio.

    Mas, isto mudou com a chegada da pandemia. Primeiro porque teve que se recolher, segundo porque sofreu uma queda que o deixou com os movimentos limitados por cerca de um ano.

    Faltou o guarda-chuva

    Durante a festa com a presença das quatro gerações de Manfrinato, estavam presentes também seus inseparáveis companheiros de muitas décadas, a bicicleta e o chapéu. Por algum motivo, alguém esqueceu que também seu velho guarda-chuva deveria fazer parte do cenário e da festa. Certamente não foi ele que, com sua prodigiosa memória, quem esqueceu o guarda-chuva.

    O prefeito Ulisses Maia fez questão de participar da comemoração do centenário de Manfrinato. Emocionado, o pioneiro agradeceu a presença do prefeito. “É um presente que vai ficar guardado na minha memória até Deus me levar. Que Ele abençoe o senhor e sua família e que faça sempre o melhor para nossa cidade de Maringá”.

    Maia entregou ao lavrador aposentado um certificado. A homenagem foi “Pela passagem dos cem anos, pelas contribuições ao desenvolvimento de Maringá, por seu trabalho e pela formação de uma família que se tornou tradicional em nossa cidade”.

    Ulisses Maia já prestou homenagens a Manfrinato e outros pioneiros em outras ocasiões

    “Tenho um carinho especial pelos pioneiros, responsáveis por dar início a essa cidade maravilhosa que vivemos”, frisou o prefeito.

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