A partir de agora, em todas as quartas-feiras as 20 unidades do projeto Meu Campinho, de Maringá, serão exclusivamente femininas, em todos os horários, e além de jogos puramente por lazer, poderão ser aproveitadas também para treinamentos, torneios e campeonatos. A ideia é que mais adiante os espaços possam ser aproveitados para mulheres praticarem também outras modalidades.
A quarta-feira feminina foi aprovada na sessão da Câmara desta terça-feira, 19, por 14 votos. Apenas o vereador Rafael Roza (Pros) votou contrário. O projeto é de autoria da vereadora Professora Ana Lúcia Rodrigues (PDT) atendendo a solicitação de várias mulheres que praticam o futebol em Maringá, tanto o futebol de campo quanto as variações futsal e suiço.
A ideia é das boleiras
Mesmo com o projeto ganhando apoio dos demais vereadores, houve grande movimentação nas redes sociais por parte de mulheres desportistas manifestando-se favoráveis a mais oportunidades para que as mulheres utilizem os espaços públicos para a prática esportiva.
A professora de Educação Física Margarete Maria Pioresan, ex-futebolista profissional e primeira goleira da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, elogiou a iniciativa e destacou que o esporte só tem a ganhar com as mulheres podendo utilizar os espaços públicos.
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Meg, que hoje mora em Salvador, Bahia, foi goleira da seleção durante cinco anos, inclusive durante os Jogos Olímpicos de 1996, citou que Maringá tem um importante papel na história do futebol feminino no Brasil, pois foi em Maringá, no Estádio Willie Davids e em estádios da região, em 1991, que aconteceu o primeiro campeonato sul americano de futebol feminino. O Brasil foi campeão e a partir daí o país passou a ter uma seleção permanente.
Na época, Meg, que nasceu em Toledo, estudava Educação Física na Universidade Estadual de Maringá e foi a primeira goleira da seleção brasileira, permanecendo como titular até 1996.
Também para outras modalidades
O vereador Mário Verri (PT) disse que o uso do Meu Campinho pelas mulheres por pelo um dia por semana é um começo que pode, mais adiante, ser ampliado para outros dias ou para que o compartilhamento possa ter uma organização de modo que não precise se limitar a um dia específico.
Além disto, Verri, que é desportista, diz que a falta de espaço para o futebol feminino ocorre também com outras modalidades e que o ideal seria que o Meu Campinho, pelo menos algumas unidades, possa ser aproveitado também para a prática de voleibol, basquete, handebol e outros jogos.
Criar uma nova cultura
A autora do projeto, Ana Lúcia, diz que esse projeto que vai virar lei não seria necessário, mas foi preciso chegar a tal ponto “para criar uma nova cultura”. Segundo ela, com o tempo os garotos que usam o Meu Campinho vão entender que as meninas também precisam do espaço e cederão naturalmente ou, se quiserem, jogarão junto.
A vereadora diz que Maringá é rica de espaços para a prática do futebol, mas as meninas que querem jogar ainda precisam alugar quadras porque todas as vezes que vão a uma unidade do Meu Campinho o espaço já está sendo usado.
“Maringá tem muitas mulheres que jogam ou que gostariam de jogar bola, mas enfrentam estas dificuldades. Tendo um dia definido para usarem os espaços do projeto Meu Campinho, além de poderem treinar, muitas meninas poderão começar a jogar”, disse.
Segundo a vereadora, oportunidade para as mulheres é uma política pública e a própria prefeitura, que administra os espaços, pode criar mais alternativas para o Meu Campinho, como a organização de treinamentos e mesmo campeonatos.
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