Dentro das comemorações alusivas aos 50 anos do Parque do Ingá, na primeira quinzena de outubro, o Jardim Imperial Japonês, um dos ambientes mais bonitos e simbólicos do parque, ganha o nome do pioneiro Kenji Ueta, falecido há um ano e que estaria completando 70 anos de Maringá, mais de 60 como um dos principais líderes da colônia nipônica.
A homenagem a Kenji, ou simplesmente “seu” Paulo, foi aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal, proposta pelo vereador Manoel Sobrinho (PL), que foi seu amigo pessoal e vizinho. Nesta quinta-feira, quando o projeto foi aprovado em segunda votação, familiares e amigos de Kenji estiveram na Câmara, entre eles seus filhos Shiniti e Akemi.
O presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PP), destacou que todo mundo lembra de Kenji Ueta como o fotógrafo que documentou os principais momentos da história de Maringá, mas para a colônia japonesa ele foi um dos principais líderes por várias décadas, principalmente nos anos em que a colônia se organizava.
Kenji, segundo Hossokawa, foi um dos mentores da criação da Sociedade Cultural e Esportiva de Maringá, a Socema, que décadas depois evoluiu para Acema, foi um dos responsáveis pelo “convênio de irmandade” entre Maringá e a cidade japonesa Kakogawa e várias vezes esteve no Japão liderando comitivas de autoridades e empresários maringaenses. Também foi um dos líderes da movimentação que resultou na vinda do príncipe Akihito e da princesa Michiko a Maringá, antes de eles serem elevados à condição de imperadores do Japão, e foi um dos idealizadores do Jardim Imperial Japonês no interior do Parque do Ingá, que foi inaugurado por Akihito e Michiko, o mesmo jardim que agora ganha seu nome.
Homenagens em vida
Kenji Ueta morreu aos 93 anos em setembro do ano passado, uma semana após a morte de sua esposa Yoshiko Nakagawa, de 91, com que conviveu por 73 anos. Os dois foram vítimas da covid-19.
Apesar da idade avançada, “seu” Paulo nunca parou de trabalhar e estava sempre falando do prazer que tinha no trabalho. Até a morte ele dirigiu o Foto Maringá da esquina da Avenida Herval com Rua Néo Alves Martins, onde estavam cópias de algumas das fotos que fez e que entraram para a história de Maringá, como a do construtor João Corredato, o Barba Rala, no alto da cruz que acabava de ser instalada no cume da Catedral, a recepção da cidade a seu primeiro bispo, dom Jaime Luiz Coelho, a retirada de tocos de peroba do canteiro da Avenida Brasil, além dos grandes eventos da cidade, como os bailes, carnaval, desfiles, casamentos, a primeira edição do Festival Nipo Brasileiro, na Praça do Correio…
Trabalhando, sorrindo e conversando com todos que entrassem no seu foto ou pelo menos passassem em frente, “seu” Paulo fez história em Maringá, documentou a história de Maringá e virou parte da história de Maringá.
Ainda em vida, recebeu muitas homenagens, teve a vida contada em livro da pesquisadora Loide Caetano, foi tema de documentário, deu muitas entrevistas para TV, jornal e rádio e por pouco não teve seu nome designando o Parque do Japão, inaugurado por outro príncipe, o herdeiro de Akihito, Nahurito, que também ascendeu ao Trono do Crisântemo e é o atual imperador do Japão.
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