O espetáculo bilíngue “Uma história que não se conta: Ernesto e eu”, solo de Renan Parma em que o ator fala português e Libras (Língua Brasileira de Sinais), estreia neste sábado na página do Arena das Artes no YouTube, neste link. A montagem tem direção de Andresa Viotti e é mais um fruto do Prêmio Aniceto Matti, edital da Secretaria Municipal de Cultura de Maringá.
Direcionada especialmente para as crianças, a peça aborda temas como solidão, empatia, solidariedade, acolhimento do diferente, amizade e o direito de existir da forma como somos sem qualquer tipo de preconceito.A dramaturgia surgiu inspirada no livro “Ernesto”, de Blandina Franco, mas tem construção coletiva, inclusive a partir da realização de oficinas com crianças que funcionaram como laboratórios criativos, resultando em um trabalho sensível.
A estreia é resultado de um longo processo de pesquisa do ator, que já vinha realizando investigações em projetos culturais desenvolvidos por meio de outros editais. Enquanto professor de teatro do projeto Criança em Cena há quatro anos, Parma está muito acostumado a lidar com esse público e sentia falta de trabalhos direcionados a ele, sobretudo abordando questões consideradas “difíceis” ou inapropriadas.
Por ser ouvinte, o ator optou por fazer uma consultoria com surdos para validar sua interpretação. “Penso a cena em português, penso a cena em Libras, estudo, faço a cena com todos os movimentos e mostro para duas consultoras, uma de Maringá e uma de São Paulo”, explica o ator. Tudo feito com bastante cuidado para afinar os elementos visuais.
A pandemia e a necessidade de isolamento social alteraram os rumos do projeto, pois além de obrigar que um trabalho presencial migrasse para o formato online, também definiu escolhas dramatúrgicas. Em contato comos alunos, Parma percebeu o impacto que este momento vem tendo na vida deles. “Como entender a infância neste momento? Como falar de solidão sem falar em pandemia?” foram perguntas norteadoras.
“Quando a gente decidiu fazer a peça online, a gente adaptou o contexto também. A gente quer retratar a infância na pandemia, então tivemos a ideia de levar para dentro de casa”, explica a diretora Andresa Viotti, para contar que até mesmo a construção do cenário foi influenciada por este momento.
Acostumado com os trabalhos coletivos da Cia Forféu, na qual atua desde criança, Parma se aventura em seu primeiro trabalho solo.“Sempre imaginei que faria um solo em outro registro, não infantil, mas a grande chave para mim foi conhecer a obra do Ilo Krugli e eu descobri o teatro que eu queria fazer”, conta.
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