As 11.690 doses de vacina contra a covid-19 que o município de Maringá recebeu neste final de semana correspondem a mais de 50% do total das vacinas que a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa) encaminhou para a 15ª Regional de Saúde, o que vem de encontro com as solicitações feitas pela prefeitura de Maringá para que o município recebesse doses na mesma porcentagem de sua população adulta. Maringá tem 50,58% dos moradores adultos da área atendida pela 15ª RS. Mas, a Sesa nega que o aumento seja resultado de ação que o município move na Justiça por mais doses.
No início da vacinação do público em geral, por faixa etária, a partir de junho, Maringá chegou a receber porcentuais até maiores do que o desta semana e o município era um dos que estavam mais avançados, chegando a ser destaque em órgãos da grande imprensa, como a Folha de São Paulo.
Porém, o destaque que Maringá vinha conseguindo com o avanço, levantou críticas por parte de outros municípios, que acharam que a distribuição estava sendo desproporcional ao tamanho de suas populações. A partir daí, Maringá, que recebia mais da metade de todas as vacinas encaminhadas para a 15ª RS, passou a receber um terço ou um pouco mais de um terço de cada remessa.
Com isto, a cidade ficou sem vacina para continuar a imunização por faixa etária, chegando a interromper a aplicação de primeira dose por vários dias. Enquanto Maringá atrasava, outros municípios adiantavam, como é o caso de Apucarana, cidade do secretário de Saúde Beto Preto, que nesta segunda-feira está vacinando pessoas de 18 anos de idade.
A nova situação resultou em reação por parte da cidade. O prefeito Ulisses Maia (PSD) publicou em suas redes sociais sua suspeita que Maringá estaria sendo boicotada pela Secretaria de Estado da Saúde. O secretário Beto Preto reagiu e respondeu, sem citar Maia, que não se pode politizar a questão e que o momento não era para bravatas. O passo seguinte foi a prefeitura de Maringá entrar na Justiça com uma Ação Ordinária de Obrigação de Fazer com Tutela de Urgência, com o objetivo de impor à Secretaria de Estado da Saúde a obrigação de restabelecer o total de doses de vacina contra a covid-19 a que Maringá tem direito, proporcionalmente.
Quando nesta última remessa o volume de doses para Maringá voltou aos patamares que a prefeitura cobrava na Justiça, o comentário de que a reação do prefeito estava dando resultado tomou conta das redes sociais. E a Secretaria de Saúde correu para explicar que o aumento não é resultado da ação judicial.
Além de entrevistas em rádios falando sobre o assunto, a secretaria divulgou uma nota oficial, cujo teor é o seguinte:
“A Secretaria de Estado da Saúde esclarece que a remessa de doses para o município de Maringá não é resultado de decisão judicial. Embora o município tenha judicializado a questão, o pedido liminar sequer foi analisado, muito menos o mérito do assunto. A distribuição vem sendo equânime, igualitária e sem qualquer distinção para os 399 municípios paranaenses.
No início do planejamento da vacinação pelo Ministério da Saúde, em razão dos grupos prioritários, naturalmente houve uma distorção do perfil populacional, conforme a própria característica das cidades. Maringá, por exemplo, recebeu mais doses do que outros municípios no início da campanha de vacinação, justamente pela sua característica de habitantes.
A Sesa, por consequência, corrigiu esta distorção no momento da vacinação por idade, fazendo assim uma distribuição para que os imunizantes chegassem de maneira semelhante na campanha, com a meta de 80% da população com a primeira dose ou dose única ainda no mês de agosto.
É preciso destacar que o Tribunal de Contas do Estado já validou a metodologia da Sesa, em um reclame semelhante feito pela prefeitura de Curitiba, e que não tinha qualquer fundamento. O Paraná é um só e segue de forma conjunta na imunização.”
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