Após morte de advogado e aposentado, MP denuncia dona de asilo de Maringá pelo crime de tortura seguida de morte

  • O Ministério Público do Paraná, por meio da 14ª Promotoria de Justiça de Maringá,  apresentou nesta sexta-feira, 20, denúncia criminal pelo crime de tortura seguida de morte contra duas responsáveis pela Clínica Renascer Serviços e Cuidados ao Idoso – uma Instituição de Longa Permanência de Idosos da cidade. Uma das pessoas que o MP denuncia é a responsável pela clínica – Sandra Kaminski.

    O MPPR cita nos autos duas vítimas, que teriam morrido em decorrência de abusos praticados no local – um homem identificado como Eurico de Abreu, de 91 anos, morto após uma queda em que fraturou o fêmur, e outro, o advogado Alaor Gregório de Oliveira de 77 anos, vítima de um quadro infecioso grave, possivelmente relacionado a lesões na pele.

    Na denúncia, são descritas diversas situações de violência física, verbal e psicológica que teriam sido impingidas pelas mulheres aos dois idosos. No caso do primeiro, de 91 anos, o MPPR sustenta que “na data de 5 de julho de 2021, o idoso […] havia sido dopado com medicamentos pelas denunciadas, sofrendo uma queda que resultou na fratura de seu fêmur e, posteriormente, sua morte. No hospital foi constatado que sua higiene pessoal era muito precária, sendo apurado de quadro de infecção urinária e sangue na urina.”

    No outro fato, relacionado ao homem de 77 anos, é relatado por testemunhas que, por ter sido advogado, as denunciadas diziam que ele estaria agora “pagando os pecados” por ter “ajudado muitos bandidos a saírem da cadeia”. Ainda conforme os autos, ele ingressou na instituição sem escaras pelo corpo, “o que demonstra que as referidas lesões derivaram de sua submissão, mediante violência, a intenso sofrimento físico e mental pelas denunciadas como forma de aplicação de castigo por ter sido advogado e por supostos males que cometeu em vida, causando-lhe sua morte por sepse, úlcera de pele e pneumonia secretiva”. Dentre as violências destacadas na denúncia, foi apontado o uso de água sanitária nas feridas de pele e mesmo socos e empurrões quando do banho da vítima.

    Novos casos
    A denúncia é resultado de investigação conduzida pelo MPPR e que levou à interdição da casa, no início do mês, bem como à prisão de uma das denunciadas (que segue detida preventivamente). A Promotoria destaca que as práticas imputadas na denúncia contra as duas mulheres são equiparáveis a crime hediondo. O Ministério Público solicitou também a abertura de novo inquérito em relação a outros possíveis crimes cometidos em face de outras pessoas então acolhidas na ILPI. Na interdição, 12 idosos eram mantidos ali. Todos foram encaminhados aos cuidados dos familiares.

    A reportagem não conseguiu contato com os advogados das denunciadas. A clínica está  interditada desde o começo do mês.

    Comentários estão fechados.