Os três líderes da Igreja das Nações da Poderosa Mão de Deus presos pelos agentes do Núcleo de Proteção de Crianças e Adolescentes (Nucria) da Polícia Civil de Maringá, no dia 23 de julho, foram indiciados por tráfico de pessoas com a finalidade de trabalho análogo à escravidão.
De acordo com a investigação policial, os pastores evangélicos, que eram marido, mulher e um filho, estariam comandando um esquema de venda de pizzas com utilização de mão de obra infantil similar a escravidão. Pelo menos cinco crianças estariam fazendo trabalho escravo, vendendo pizzas de porta em porta nos bairros até tarde da noite e muitas vezes eram levados a fazer o serviço em outras cidades, sem nada ganharem, nem mesmo alimento, tendo quase sempre que trabalhar com fome.
As crianças eram instruídas a dizer que o dinheiro arrecadado com as vendas era destinado ao custeio do tratamento de crianças com câncer.
De acordo com o inquérito, 11 vítimas foram submetidas a trabalhos forçados, jornada exaustiva e a condições degradantes. Há o caso de uma menina de 13 anos que trabalhou como empregada doméstica na casa de um dos líderes religiosas e nunca recebeu qualquer pagamento.
O Nucria apurou que se alguma criança não atingisse a meta imposta pelos líderes religiosos, era reprimida, ameaçada e teria ocorrido até agressão física. Quando alguns pais foram defender os filhos, também teriam sido ameaçados e agredidos, assim como aconteceu com conselheiros tutelares.
Durante a operação policial do dia 23 de julho, que resultou na prisão dos três pastores, agora indiciados por tráfico de pessoas, a polícia encontrou R$ 16 mil em espécie e uma arma, ao passo que a Vigilância Sanitária localizou grande quantidade de alimentos armazenada de modo irregular, boa parte não apresentava mais condições para o uso humano.
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