No mesmo dia em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 divulga que será no próximo dia 12 o depoimento do deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), o Ministério da Saúde – que já foi comandado por Barros – divulga em nota técnica apontando ao Ministério Público Federal “diversas irregularidades” em um contrato de aquisição de remédios firmado na gestão do ex-ministro e hoje líder do governo Bolsonaro na Câmara.
Na nota, o Ministério diz que os problemas no contrato incluem a falta dos requisitos para realizar um pagamento antecipado à empresa. As irregularidades apontadas envolvem a compra dos medicamentos para tratamento de doenças raras, com três pagamentos antecipados de quase R$ 20 milhões. Os remédios nunca foram entregues.
A contratação envolve a empresa Global Saúde, sócia da Precisa Medicamentos – que foi arrastada para o centro das investigações da CPI da Covid após suspeitas de irregularidades nas tratativas de compra da vacina Covaxin.
O nome de Ricardo Barros também já foi citado na CPI. Em depoimento na Comissão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que o presidente Jair Bolsonaro relacionou Ricardo Barros às denúncias de problemas na compra da Covaxin em uma reunião privada, em março. Barros nega envolvimento em irregularidades.
O parlamentar paranaense não só se colocou à disposição da CPI como fez questão de ser convocado logo, chegando ao ponto de solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantisse o direito de depor. Barros havia sido convocado para depor no dia deste mês, porém, o depoimento foi adiado pelos senadores. O deputado então impetrou mandado de segurança pedindo que o interrogatório seja mantido ou que a CPI determine nova data para o evento.
O ex-ministro, a Global e servidores do Ministério da Saúde à época são alvos de uma ação de improbidade administrativa movida em 2019 pela Procuradoria da República em Brasília na Justiça Federal do Distrito Federal.
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