A versão da Secretaria de Saúde é que o sistema de dados do Ministério da Saúde registrou a data do enviou dos dados como se fosse a data da aplicação da vacina, por isso aparece como se tivessem sido aplicadas vacinas vencidas
A Secretaria de Saúde de Maringá corre atrás do tempo para tentar desfazer o pânico provocado por uma notícia veiculada nesta sexta-feira na imprensa, dando conta que pelo menos 26 mil pessoas no Brasil podem ter tomado vacina contra a covid-19 com data de validade vencida. A mesma notícia, dada como furo pelo site da Folha de São Paulo e o portal UOL e depois replicada em milhares de sites e emissoras de rádio, aponta que Maringá teria sido a cidade que mais aplicou vacinas vencidas.
Segundo a Folha de São Paulo, “Até o dia 19 de junho, os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros”. Maringá, de acordo com a matéria, foi a campeã da vacina vencida, tendo “imunizado” 3.536 pessoas com o produto da AstraZeneca fora da validade (primeira dose em todos os casos).
Versão maringaense culpa o sistema
“A população de Maringá pode ficar tranquila. Ninguém em Maringá tomou vacina vencida”, repetiu inúmeras vezes o secretário municipal de Saúde, Marcelo Puzzi, durante uma entrevista coletiva convocada às pressas para a tarde desta sexta-feira, no auditório da secretaria.
A coletiva foi para tentar esclarecer o porquê de Maringá aparecer no noticiário como a cidade campeã de vacinas vencidas aplicadas. E a culpa acabou ficando para o sistema.
Segundo o secretário, “a prefeitura de Maringá já sabia desse erro”. Ela afirma que há um mês foi percebido que Maringá encaminhava dados para o Ministério da Saúde, mas no sistema ficava a data do envio dos dados como se fosse a data da aplicação da vacina.
Puzzi disse ter um documento em que um técnico da Secretaria da Saúde de Maringá mostrava que sempre que os relatórios de vacinação eram repassados, no sistema do Ministério da Saúde a data que aparecia como da aplicação da vacina era a do envio do relatório.
Nesse caso, apareceria de fato que determinados lotes teriam sido aplicados após a data de vencimento das vacinas.
Porém, o secretário não soube, ou pelo menos não foi convincente, quando uma jornalista perguntou o porquê então de a Secretaria de Saúde não ter comunicado o erro, não tê-lo tornado público para evitar escândalos na imprensa, como o ocorrido nesta sexta-feira, chegando a causar pânico.
O secretário de Inovação, Aceleração Econômica, Turismo e Comunicação, Marcos Cordiolli, disse que o Ministério da Saúde foi, sim, comunicado do erro pela prefeitura de Maringá e argumentou que seria impossível vencer vacina em Maringá, pois todas as doses que chegaram foram aplicadas em seguida, em poucos dias, não havendo estoque que pudesse perder o prazo de validade.
De acordo com Cordiolli, a Secretaria Municipal de Saúde mantém um processo de verificação da validade das vacinas que começa no recebimento da nota fisca, inserção no sistema e verificação no envio para as unidades de saúde e no momento da aplicação que tornam quase impossível o uso das doses fora do prazo de validade.
Base paralela de informações?
As respostas das autoridades sanitárias maringaenses ainda não foram convincentes para todos. A jornalista Sabine Boettger, da Folha de São Paulo, autora da matéria que a Secretaria de Saúde se esforça para rebater, publicou numa rede social que “Maringá está dizendo que os DADOS OFICIAIS que a própria secretaria passa para o Ministério da Saúde estão errados e que não ministraram vacinas vencidas. A cidade tem uma base própria com informações de vacina paralela ao PNI [Plano Nacional de Imunização]? Queria acessar, então”.
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