A trajetória heroica de um casal de pioneiros, Onofre e Ângela Rizzo, já falecidos, foi eternizada em livro pelos seus filhos e a conclusão de obra, que começa a ser distribuída para bibliotecas e acervos históricos da cidade, coincide com as celebrações dos 74 anos de Maringá, completados no último dia 10.
Escrito pelo jornalista Rogério Recco, o livro Sonhar Sempre, Desistir Jamais, tem 192 páginas, programação visual de Andrea Traguetta e foi impresso na Gráfica Massoni, de Maringá.
Pioneirismo
Paulista de Vila Mendonça, então distrito de São José do Rio Preto (SP), Onofre tinha 16 anos quando conheceu Maringá, em junho de 1946. Ele acompanhou o pai em uma viagem para visitar o pequeno sítio que este havia adquirido em Floriano. “Chovia muito e o barro vermelho não permitia que os ônibus e os caminhões trafegassem. Ficamos parados em Cambé por seis dias”, escreveu ele em um relato que datilografou e distribuiu à família, para que aqueles tempos difíceis não fossem esquecidos.
O embrião de Maringá
Suas lembranças, bastante resumidas, serviram como fio condutor para a elaboração do livro e permitem entender como era Maringá em sua fase embrionária. Ainda na estrada, os passageiros da jardineira foram convidados a descer para ajudar a retirar o veículo do atoleiro. “Chegamos quando já era noite, sujos de lama”, pontuou o pioneiro, lembrando que ficaram hospedados no Hotel Maringá, construído com troncos de palmito e coberto por tabuinhas. De madrugada, os hóspedes se assustaram com o barulho feito por 200 porcos soltos e trazidos para o pátio do estabelecimento. Os animais eram conduzidos por safristas, a caminho de Apucarana, onde seriam embarcados no trem, com destino a São Paulo.
Conhecer o sítio
No outro dia, para chegar ao sítio, distante 30 quilômetros, contrataram um carroceiro, mas o homem desistiu e deu meia volta quando já estavam longe e o jeito foi completar o trajeto a pé, avançando pela estradinha em meio à floresta de árvores muito altas. As terras não correspondiam ao prometido, mas foi para lá que ele, a mulher e um casal de filhos se mudaram em 1951, trazendo o sonho de produzirem café. Naquele ano Onofre se surpreendeu ao reencontrar Maringá: a cidade havia crescido muito e estava salpicada de casas e pequenos prédios, com intenso movimento nas ruas. Espantou-se, também, ao ver que no caminho até a propriedade, em vez da floresta, haviam cafezais a se perder de vista. No sítio nasceram mais quatro filhos – ao todo são quatro mulheres e dois homens – mas, ao final da década, devido a uma sociedade com os irmãos de Onofre, a família teve que retornar a São José do Rio Preto, para estar de volta à Maringá dois anos depois.
Ser alguém na vida
Onofre e Ângela encaminharam os filhos e ele próprio, que estudara até o quarto ano primário e tinha lecionado no grupo escolar de Floriano, decidiu que iria ser alguém na vida. Trabalhando no atendimento em lojas, fez o curso supletivo e habilitou-se a prestar o primeiro vestibular de Pedagogia da UEM, em 1973. Era o único homem entre alunas e, tempos depois, foi aprovado em concurso para trabalhar na universidade, integrando o grupo de funcionários pioneiros da instituição. Muito querido por todos, chegou a chefe e diretor de manutenção, exercendo interinamente, em algumas oportunidades, o cargo de prefeito do campus. Em paralelo, exerceu o magistério e foi diretor de alguns estabelecimentos de ensino de Maringá.
Homenagem
Sempre voltado a apoiar os mais necessitados, o casal participou durante anos da Obra do Berço e a paixão pelo conhecimento fez com que Onofre e a esposa viajassem pelo mundo. Em 2016, o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), localizado no Jardim Pinheiros III, recebeu o nome de Ângela Rossi Rizzo, em homenagem à benfeitora.
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