Em Maringá, idosa recebe doses de vacinas diferentes contra a Covid-19

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Em Maringá, Etelvina Rebelatto Bressan, de 95 anos, recebeu duas doses de vacinas diferentes contra a Covid-19. Profissionais de saúde foram até a casa da idosa para aplicar os imunizantes. Ela recebeu a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca e na segunda aplicação recebeu uma dose da CoronaVac.

A neta da idosa, Bárbara Bressan, conta que tudo começou no dia 9 de fevereiro, quando profissionais da saúde foram até a casa de Etelvina para vaciná-la. “A enfermeira veio com a seringa cheia de dentro do carro já. Então ela entrou na casa e aplicou. Na carteirinha, estava que a dose que minha avó tomou foi da Oxford/AstraZeneca.”

Nesta segunda-feira (9/3), exatamente um mês depois da primeira aplicação, os profissionais retornaram à casa da idosa para a aplicação da segunda dose. Bárbara conta que somente após a aplicação do imunizante, ao ver a carteirinha, foi que a enfermeira notou o problema.

“Só depois de aplicarem que pediram a carteirinha. Quando viu que minha avó tinha tomado a primeira dose da AstraZeneca, a enfermeira levou um susto, pois havia aplicado o imunizante CoronaVac”, relembra.

Bárbara conta que sua avó teve uma queda brusca na pressão arterial. A família está inconformada. “Minha avó é uma das pessoas mais velhas de Maringá. Ela é a pérola da nossa família, todos nós cuidamos dela com muito amor e carinho. Essa situação não pode se repetir e nós estamos dando entrevistas para informar as pessoas para ficarem atentas, pois é um risco muito alto misturar doses assim”, afirma.

Alguns países, como o Reino Unido, estudam a possibilidade de tomar a primeira dose de uma vacina e a segunda, de outra. No Brasil, o Ministério da Saúde não segue essa recomendação. A orientação é que as duas doses aplicadas sejam da mesma vacina.

A jovem conta que logo após a aplicação da vacina, ela procurou a Secretaria de Saúde para saber como proceder e chegou a pedir respostas em uma publicação da Prefeitura de Maringá no Instagram.

“Tive um retorno do município em duas ocasiões, na terça-feira à noite pelo Instagram e na quarta-feira, quando me ligaram. Fui informada que eles enviaram um requerimento ao Ministério da Saúde para saber como proceder neste caso e que até amanhã [sexta-feira (12/3)] me darão um retorno.”

A imunização de Etelvina, um momento muito aguardado pela família, acabou não acontecendo e se tornou motivo de preocupação para os familiares. “O resumo de tudo isso é que minha avó não está imunizada e tudo por um erro. Ninguém consegue nos orientar sobre os riscos de misturar as vacinas ou como isso aconteceu. Foram vários erros que resultaram nessa situação”, afirma a neta.

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Secretaria Municipal de Saúde aguarda orientações da Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde sobre o caso / Arquivo Pessoal

Dá para tomar doses de vacinas diferentes?

Em entrevista para a Agência Brasil, o imunologista Jorge Kalil diz que o mais seguro é tomar as duas doses da mesma fabricante. Ele explica que foi dessa forma que a eficácia e a segurança delas foram testadas.

O infectologista Marcelo Daher também fez a ponderação de que as vacinas em uso no Brasil atualmente, Coronavac e da AstraZeneca, usam tecnologias diferentes. Por esse motivo, a vigilância epidemiológica precisa monitorar esses casos para eventuais reações adversas.

Prefeitura diz que investiga o caso

Procurada, a Prefeitura de Maringá se pronunciou sobre o caso por meio de uma nota enviada à imprensa. Confira na íntegra:

“Em retorno a este veículo de comunicação sobre a troca da vacina na aplicação da segunda dose a uma paciente idosa, a Secretaria de Saúde de Maringá informa que:

– A paciente tomou a primeira dose da vacina AstraZenca/Oxford e a segunda dose foi aplicada com a marca Sinovac;

– A normativa do E-SUS foi seguida para este tipo de caso, com a avaliação e acompanhamento do estado de saúde da idosa, que se encontra bem e sem qualquer sintoma relacionado à vacinação. A Secretaria Municipal está monitorando a idosa;

– Imediatamente após o fato, a Secretaria de Saúde seguiu o protocolo e notificou no e-SUS, que acompanha estes casos de intercambialidade de vacinas, previstos pelo Ministério da Saúde; e comunicou a 15ª Regional de Saúde;

– O Município, por meio de expediente interno, tomou medidas administrativas para verificar se foi apenas falha humana ou de processo e reorganizar o sistema de Tecnologia da Informação para evitar casos futuros;

– A Secretaria Municipal de Saúde aguarda orientações da Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde, quanto à aplicação da 2ª dose da vacina AstraZenca/Oxford na paciente.”

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De acordo com o “Vacinômetro” da Prefeitura de Maringá, até a tarde de quarta-feira (10/3), 23.553 pessoas foram vacinadas na cidade.

A 15ª Regional de Saúde recebeu, ainda na noite de quarta, 6.250 novas doses da CoronaVac, produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Desse total, 2.910 serão destinadas para Maringá e o restante distribuído entre os outros municípios.


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