Mais um programa de computador desenvolvido na Universidade Estadual de Maringá (UEM) recebeu, recentemente, o registro oficial pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
A ferramenta chamada de SMartyModeling usa a Linguagem de Modelagem Unificada (UML, na sigla em inglês) para possibilitar que empresas desenvolvedoras de software criem, de forma mais eficaz e parcialmente automatizada, linhas de produtos nas quais os softwares tenham tanto elementos semelhantes entre si quanto específicos em cada um.
Normalmente, desenvolvedoras de softwares especializam-se em áreas (em termo técnico, em domínios), como medicina e gestão pública. Portanto, têm necessidade de “olhar para as características comuns de um domínio”, explica um dos autores da SMartyModeling, Edson Oliveira Junior, professor do Departamento de Informática (DIN-UEM).
Ao entender isso, podem usar a SMartyModeling, que de forma complexa rastreará elementos semelhantes para reutilizá-los em novos softwares. Assim, espera-se otimização de tempo e, eventualmente, redução de custos.
“Há um núcleo de artefatos comum para um domínio, um conjunto de funcionalidades que o software apresenta ao usuário final, e há pontos nos quais os softwares fazem diferença de um para o outro, ou seja, o que é customizável. Então, podemos ter uma abordagem facilitada de linhas de produtos, com núcleo de artefatos comum para aquele domínio, mas com variabilidades que podem ser solucionadas para cada produto”, fala Oliveira Junior, também docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UEM.
Desenvolvido na linguagem de programação Java, o programa pode ser executado em qualquer sistema operacional.
Agora um programa de computador registrado pelo Inpi, a SMartyModeling é fruto do trabalho de conclusão de curso de Leandro Flores da Silva, intitulado “SMartyModeling: um ambiente de modelagem para linha de produto de software com base no eclipse modeling framework”.
Ele graduou-se em Informática pela UEM em 2017 e recebeu orientação de Oliveira Junior. De acordo com Silva, o programa foi desenvolvido com “o objetivo de apresentar uma resposta a um problema relatado por pesquisadores, e se estende para uma aplicação prática na indústria”.
“Apresenta prontamente uma resposta prática, no entanto, seguimos trabalhando para investigar maneiras de avaliar, corrigir e evoluir nossa solução”, declara Silva.
Na semana passada, Silva, atualmente mestrando em Ciência da Computação pela UEM, apresentou o programa do qual é coautor no 34º Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software (SBES), um dos eventos do 11º Congresso Brasileiro de Software (CBSoft).
Ele é novamente orientado por Oliveira Junior e ambos participam do Grupo de Pesquisa em Reúso Sistemático de Software e Experimentação Contínua (GReater), certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do qual Oliveira Junior é líder.
“O registro pelo Inpi é um reconhecimento importante do trabalho realizado pelo nosso grupo”, frisa o mestrando.
Os autores pretendem hospedar a SMartyModeling no GitHub, plataforma de hospedagem de código-fonte de acordo com a licença Creative Commons 4.0, para que a ferramenta seja gratuita, aberta e colaborativa – semelhante ao que ocorre com sistemas operacionais baseados no Kernel do Linux.
A OPLA-Tool, ferramenta criada por pesquisadores da UEM e de outras instituições para reduzir o esforço em projetos de software, usa um módulo da SMartyModeling para poder executar as otimizações.
E já há outras organizações interessadas neste programa de computador da UEM registrado pelo Inpi, como uma empresa de desenvolvimento de software de Maringá (PR), unidades do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – câmpus de Toledo.
O mestrando e o professor publicaram um artigo científico sobre a SMartyModeling nos anais da 22ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Informação Empresariais (ICEIS, na sigla em inglês), em coautoria com Avelino Zorzo.
Silva e Oliveira Junior também têm dois artigos aceitos (um deles com coautoria de Bruno Fernandes) na 4ª Escola Regional de Engenharia de Software (ERES), uma realização da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e que será on-line de 11 a 13 de novembro.
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