Retomada das atividades escolares da educação especial se torna prioridade em reunião com manifestantes e poder público

Ele não é uma criança que alfabetiza. O trabalho na escola com ele é nas questões de estimulação, de cuidados diários, de coordenação. Ele necessita de um atendimento diário”, explica Márcia Ide, mãe de aluno com deficiência.

  • Na última sexta-feira (9/10), pais de alunos de escolas particulares e municipais se manifestaram a favor da volta às aulas. Logo em seguida ao ato nas ruas, representantes do Movimento Pelas Crianças Na Pandemia se reuniram com o prefeito Ulisses Maia para discutir a retomada das atividades escolares.

    A reunião contou com a presença dos vereadores Mário Hossokawa (PP), presidente da Câmara Municipal de Maringá, Sidnei Telles (Avante), Mário Verri (PT), Jean Marques (Podemos), e a Secretária de Educação de Maringá, Gisele Colombari Gomes.

    Segundo Vanessa Bellei, porta-voz do movimento, a prefeitura aguardava a autorização do Governo do Paraná para a liberação das atividades escolares curriculares, que seguiam suspensas

    “O  prefeito falou que depende ainda do Governo do Estado, pra liberação das aulas, aqui em Maringá. Mas assim, como já foi liberado o atendimento individual, eles estão avaliando pra tentar evoluir, começar um atendimento coletivo, por exemplo: um reforço com mais alunos também. Eles (prefeito e vereadores) ficaram bem preocupados com a situação dos alunos das escolas especiais. Junto comigo, foi uma mãe de criança especial, que é Marcia, ela contou o relato dela lá”, conta Vanessa Bellei, representante e criadora do movimento.

    Márcia Ide, mãe que representou alunos com deficiência na reunião, expôs a importância que a escola de educação especial tem na vida de Gustavo, 22, que nasceu com deficiência na fala, acometendo a parte intelectual e motora.

    “Ele tem 22 anos, mas a mentalidade é de 4. Ele não é uma criança que alfabetiza. O trabalho na escola com ele é nas questões de estimulação, de cuidados diários, de coordenação. Ele necessita de um atendimento diário”.

    A cabeleireira explica que com a suspensão das atividades escolares, os cuidados com o filho tiveram que ser adaptados. A mãe do aluno, que trabalha no salão da família, conta com a ajuda da avô de Gustavo durante as manhãs. No entanto, o período da tarde é incerto, precisando levar o filho ao trabalho quando não tem quem possa cuidar.

    “Na parte da manhã eu tenho a minha mãe, mas na parte da tarde: cada semana é com alguém. Se eu não consigo, eu tenho que levar pro meu trabalho. Só que eles têm um tempo que eles conseguem ficar calmos. Deu o tempo deles de paciência, eles não querem saber.”

    E complementa, “pra nós, mães de especiais, um pequeno ganho leva anos pra se conseguir. E nesses sete meses, as perdas foram muitas. Ele toma medicamento, e mesmo assim, a questão que ele não está socializando, que ele não está tendo as atividades diárias dele, de estimulação, ele está surtando”.

    Márcia critica a falta de debates sobre alunos com deficiência por parte do poder público e aponta a priorização de alunos e educação de escolas regulares. Além disso, a mãe explica que o ensino remoto, disponibilizado com o inicio do isolamento social, não é bem aceito por alunos como Gustavo, pois necessitam de estimulações diárias de atividades consideradas simples, como: alimentação, higienização e coordenação motora.

    A equipe do Maringá Post entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Maringá para saber sobre o retorno das escolas de educação especial. Em nota, a Diretoria de Comunicação respondeu, “Ao longo da semana a solicitação será analisada pelo Comitê de Operação Emergencial (COE) e equipe técnica da secretaria de saúde.”

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